João Pessoa, 30 de dezembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Juro que é verdade. Um amigo querido cujo juízo não aguenta muita pressão estava tentando nos contar da sua programação para a festa da virada do fim do ano. De repente embatucou na pronuncia de “Réveillon” e começou a fazer variações sobre o tema. Saiu de um tudo, até rei leão, menos o correto. Ele começou a se exasperar quando cada nova tentativa terminava numa gargalhada dos circunstantes, foi tomando ar e de repente levantou e foi embora gritando: “- Amigos de merda vocês são. Vão se lascar”. Há testemunhas.
Foi a primeira vez na vida que vi alguém brigar consigo próprio, em público, por um motivo ao qual ele dera causa exclusivamente.
É muito comum o cidadão perder-se numa situação dessas. Minha amiga C. diz que quando lê alguma mensagem onde o remetente convida para a festa de ano novo, passagem de ano ou outros que tais, é batata; não sabe escrever Réveillon. Se bem que, goela como ela só, jamais deixou de ir a um desses regabofes por um detalhe tão sem importância.
Todo ano repetem-se as mesmas conversinhas; usar uma peça de roupa amarela para que muita grana chegue na sua conta bancária; usar branco para a paz; usar vermelho para o amor…, mas vem cá, você realmente conhece alguém com quem essa paleta de cores tenha funcionado? Dessas crenças a única que eu conferi ocorreu com um amigo que havia engordado muito durante o ano, tomou uma carraspana grande e foi pular as tais sete ondas na madrugada do réveillon à beira mar de Tambaú. Acho que Iemanjá pensou ser uma oferenda porque se não fossemos nós, os caminhantes das madrugadas, a entidade teria levado o biltre para as profundas do reino abissal.
De qualquer maneira iniciamos mais um período no qual haverá o mesmo de sempre, sejam guerras ou tratados de paz, amores desfeitos e outros criados, a saúde que volta ou a vida que se vai.
De minha parte o que desejo é que nunca, jamais, tenhamos que atravessar outra pandemia. Algum político deveria criar uma lei que permitisse a todos nós diminuirmos dois anos às nossas idades e retirarmos de nossas mentes o tanto que sofremos pelas mortes ao redor e pelo medo da nossa própria morte.
Mas sobrevimos. Somos o resultado da esperança e da vontade de Deus. Menos reclamações e mais alegria.
Que continuemos felizes!
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024