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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Falso brilhante

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publicado em 30/12/2023 ás 07h00
atualizado em 30/12/2023 ás 08h57

O ano velho rema sozinho, aguardando a repetição do mundo vivendo de restos de segundos e tudo será como antes, depois dos fogos coloridos que pipocam e metem medo nos bebês e nos cães.

Em voz baixa eu digo feliz ano velho, repetindo as falas que decoramos a vida toda, benção pai, benção mãe.

Debaixo das fontes como dantes navegados, separando diAmantes, o que valeu e que não deu para fazer, a gente vai levando.

Nada para lembrar além dessas vagas para idosos, cadeirantes e autistas que muitos estacionam e pensam que ninguém vê, chegam a dar na pista e assim seguem entrando na contramão.

Página nunca virada, alguns sal(picos) picas e sal(picões) e a conta da luz eléctrica mais cara, no maior calor impossível da força que nunca seca. Em cada abraço, um aperto no coração.

Com a mão na massa sobre a chama do candeeiro, eu sou primiero, penso nas crianças mudas telepáticas, do poema de Vinicius e não me dá uma sensação de alivio

De estares a sonhar imerso, meu texto sem versos, com verbos, numa luz de vagalumes, tão distante do céu.

Às vezes penso como Jorge Mauther, de gostar de ficar na praia deitado, com a cabeça no travesseiro de areia, olhando coxas gostosas por todo lado. lado que é lado de lá.

Gosto mais de Milton Nascimento, que canta uma verdade ilusória –  “Travesseiro dos meus braços, Só não faz se quiser”

Do outro lado da cidade, um  desvelado senhor, diz que meu texto é espartano e voraz. Lá longe, outra Veneza trans(ladada).

Aí tu achas, tu te achas e eu me perco noutra semelhança que se apropria do reflexo, mas não sou Narciso que, como castigo, morreu nas imagens que ele mesmo criou. Criamos.

E o falso brilhante? Ah, saudades do Brasil.

Kapetadas

1 – Em 2024, eu desejo que você entenda que: nem sempre será sobre você; nem sempre será sobre alguém; nem sempre será sobre ninguém ou algo;. A maioria das vezes será sobre o que convém para a pessoa dizer, mesmo que ela se refira sobre você, alguém, ninguém ou algo assim como sei dizer..

2 – A verdade é que qualquer opinião está dentro do que convém pra si. Nunca foi pelo outro ou para algo. Feliz 2024

3 – A ilustração é imagem do show Falso Brilhante de Elis Regina, 1976

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB