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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Minha janela de cortinas brancas

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publicado em 01/01/2024 ás 07h00
atualizado em 31/12/2023 ás 18h22

Eu quero uma janela branca, com cortinas brancas. A parede ao redor pode ser num tom de lavanda, mas a jardineira abaixo da janela também precisa ser branca. Quando acordar pela manhã será esta a visão que me fará feliz durante o resto do dia: olharei por esta janela e verei o horizonte  que estava nos meus sonhos na noite anterior e na anterior, e na anterior. Exatamente o mesmo horizonte.

Consigo sentir o cheiro do ambiente, a textura dos lençóis e ouvir a voz com a proposta que me fará ficar na cama só um pouco mais. Tudo que é preciso existir estará ali, naquele lugar. O que mais querer? O que mais buscar? Todas as fomes irresistíveis já foram saciadas. Todo o existir reside ali. E o que se estender será o horizonte. Aquele horizonte, visto da janela branca com cortinas brancas.

Se for o mar, abrir a janela trará a maresia, o calor, o aconchego de um dia de sol.

Se for o campo, abrir a janela trará o cheiro do mato, os pingos do orvalho que umedeceram a noite.

É um querer recorrente… bem que poderia acontecer agora. Amanhã… 2024…

Não sei… não sei se deixará de ser apenas um mero querer. Mas quero a janela branca, com toda a visão maravilhosa que ela trouxer.

Ao final do dia ela será novamente fechada, o sonho abrigará o mesmo horizonte, mas nada será triste ou enfadonho, porque eu saberei que era exatamente ali onde eu deveria estar o tempo todo. E, quando o sol nascer novamente, mesmo que desta vez esteja encoberto por nuvens de chuva, a janela se abrirá mais uma vez. A janela de cortinas brancas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB