João Pessoa, 06 de março de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Após troca de correspondências com pedidos de desculpa e a garantia de que o Brasil não corre o risco de perder o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, voltaram a discutir nesta terça-feira as polêmicas declarações do secretário-geral da entidade máxima do futebol, Jérôme Valcke. O número dois da federação provocou uma onda de manifestações de repúdio do governo ao afirmar que os organizadores da Copa de 2014 precisavam de um "chute no traseiro" para conseguir viabilizar a tempo a infraestrutura para realizar o Mundial.
Em conversa telefônica nesta tarde, Blatter afirmou ao governo brasileiro que o "episódio Valcke" não se repetirá e voltou a lamentar o incidente provocado com a cobrança do secretário-geral por mais agilidade do governo brasileiro na organização e gestão de obras do campeonato esportivo. No telefonema, os dois defenderam a continuidade das relações entre a entidade e o governo brasileiro nos assuntos relacionados à organização da Copa, e o ministro disse ser favorável a um "ambiente de cooperação e harmonia" com a federação internacional de futebol.
Joseph Blatter já encaminhou pedido para ser recebido em audiência pela presidente Dilma Rousseff na próxima semana. O ministro Aldo Rebelo visita as obras da Copa pelo País e ainda irá responder ao pedido de desculpas enviado por carta nesta segunda-feira por Jérôme Valcke.
Entenda a polêmica
Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.
Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.
No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.
Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".
No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.
Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".
Terra
CONVERGÊNCIA - 26/11/2024