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Tinha cara enfezada e um olhar que dava medo. Mas me disseram que era bom no que fazia e, mesmo temeroso, decidi contratar seus serviços. Como bom profissional, não me perguntou quem era a pessoa, o que fazia ou por qual motivo eu o estava contratando. Bastava que o pagasse e o trabalho seria feito. Acertamos o preço. Falou que confiasse nele, pois nunca decepcionara nenhum cliente.
Eu tinha urgência e pedi que o serviço fosse feito imediatamente. Ele me lançou aquele olhar amedrontador e, quase sem abrir os lábios, disse só amanhã. Não sei de onde busquei coragem para reforçar minha pretensão: gostaria que fosse hoje. Saiu sem despedida. Pensei ainda em desistir do que fora contratado. Não deu tempo.
No dia seguinte, a manchete: mulher assassinada na porta de casa.
Era tarde. Inês estava morta.
Texto escrito em 16.12.2023. Tema: gostaria que fosse hoje. Clube do Conto da Paraíba.
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