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ENTREVISTA

‘Eu errei, mas nunca machucaria meu cachorro’, diz dono do cão Lobo

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publicado em 06/03/2012 ás 09h01

Depois de quatro meses de polêmica e silêncio, o mecânico Claudio Cesar Messias falou com exclusividade ao G1 Piracicaba e Região sobre o dia 2 de novembro de 2011, quando foi acusado de arrastar o próprio cachorro no Centro de Piracicaba, no interior de São Paulo. O rottweiler Lobo, que virou símbolo da luta pelos direitos dos animais, morreu com os ferimentos causados no episódio.

“Eu errei, foi um erro ter colocado ele em uma corda tão comprida. Se eu imaginasse que isso iria acontecer, eu nunca teria colocado ele desse jeito no meu carro. Se fosse o caso, eu nem sairia com ele”, defende-se Messias, que afirma que tudo não passou de uma fatalidade.

“Você acha que eu ia pegar o cachorro, sair de perto do shopping (onde mora), vir arrastá-lo no Centro da cidade e com um carro todo adesivado com o meu nome e telefone? Seria muita burrice da minha parte achar que faria isso e ninguém reconheceria”.

Nesta segunda-feira (5) a Justiça cancelou a audiência, que poderia terminar com a condenação de Messias, porque as testemunhas que teriam presenciado o fato não foram loaclizadas.

Abaixo você confere a entrevista completa com o dono do Lobo:

G1 Piracicaba – O que aconteceu naquele dia?
Claudio Cesar Messias – Eu trabalhei até 14h, já que era feriado de Finados, e depois saí para passear com o cachorro. Quando virei a esquina, não percebi que ele havia caído. Um motoqueiro foi atrás de mim. Ele bateu no meu vidro e disse que eu andei uns 50 metros, mas acho que não foi. Foi quando ele disse: “você está arrastando um cachorro”.

Eu assustei e perguntei, “eu arrastando um cachorro? Meu cachorro está deitado na caçamba”. Foi aí que eu desci do carro, abri a porta e era o meu cachorro que estava no chão. Eu achei na hora que ele estava morto, não se mexia. Nessa hora, algumas pessoas que estavam em volta começaram a gritar que eu era assassino, dizer que eu estava arrastando meu cachorro e que tinha amarrado ele no para-choque. Nunca amarraria ele no para-choque, estava na caçamba.

Quando fui desamarrar o cachorro, outro motoqueiro parou para bater em mim. Eu, sozinho..Me deu um pânico e abandonei o cachorro! Deixei e fui embora.

G1 Piracicaba – E ele estava amarrado com uma corda?
Claudio Cesar Messias – Isso. Ele estava preso com uma corda de três a quatro metros. Foi isso que aconteceu. Eu errei, foi um erro ter colocado ele em uma corda tão comprida. Se eu imaginasse que isso iria acontecer, eu nunca teria colocado ele desse jeito no meu carro. Se fosse o caso, eu nem sairia com ele!

Eu sempre saía com ele e nunca tinha acontecido. Foi uma fatalidade e isso pode acontecer com qualquer pessoa. Até hoje, tem gente que sai com o cachorro atrás na caminhonete. E, no dia, ninguém veio perguntando o que aconteceu, só me acusando e me chamando de assassino. Como ficaria ali? Esperando para apanhar?

G1 Piracicaba – Por que você não prestou socorro? Na hora, você realmente achou que ele estivesse morto?
Claudio Cesar Messias – Eu achei. E com as pessoas me xingando, dizendo que eu era assassino… Como é que a gente fica lá? Ninguém fica. Eu errei de amarrar ele na caçamba com uma corda comprida. Depois disso, disseram que eu estava bêbado e que eu tinha dado ré para matar o cachorro. Nunca faria isso, eu tinha ele desde dois meses de idade, era meu companheiro, fazia oito anos que eu tinha ele, para que faria isso?

E outra, nunca bebi dirigindo. Tenho carta de motorista há 31 anos e nunca tive uma multa por dirigir alcoolizado. Não tem nenhuma lógica essas acusações sobre a minha pessoa.
 

G1 Piracicaba – Como era seu tratamento com o Lobo?
Claudio Cesar Messias – Nunca tive nenhum problema com o Lobo. Eu tinha ele como se fosse da minha família. Ia passear todo dia com ele. De manhã, quando abria a minha oficina, ele sempre vinha brincar comigo. Comprava uma coxinha para mim na padaria e outro salgado para ele também.

Ele comia comigo. Aí vem essa turma da ONG e faz o maior estardalhaço, dizendo que sou assassino. Foi erro meu e eu sei disso. Mas nunca tive culpa ou quis fazer algo contra ele. Escutar isso acaba com a minha vida.

Você acha que eu ia pegar o cachorro, sair de perto do shopping, vir arrastá-lo no Centro da cidade e com um carro todo adesivado com o meu nome e telefone? Seria muita burrice da minha parte achar que iria fazer isso e ninguém me reconheceria.

Eu tenho dois outros cachorros na minha casa. Sempre tratei eles muito bem. Um deles eu achei na rua, ele seria atropelado e eu peguei para cuidar. Queria muito que essas pessoas fossem na minha casa para ver como trato meus animais, como todos são bem cuidados.

G1 Piracicaba – Chegaram a dizer que o Lobo já sofria maus tratos antes…
Claudio Cesar Messias: Imagina! Nunca apanhou e o Lobo nunca passou fome como falavam também. Outra coisa que disseram é que ele já tinha uma infecção. Pode ter certeza que se ele realmente tivesse qualquer doença eu já teria chamado um veterinário e cuidado dele.

Ele sempre estava todo animado, pulando em cima da gente. Sempre vinha brincar, pedir carinho, não tinha problema nenhum.

G1 Piracicaba – Tanto o veterinário quanto a ONG Vira Lata Vira Vida afirmaram à Justiça que ninguém da família os procurou na época do tratamento. Por que?
Claudio Cesar Messias – Mentira. Minha ex-mulher tentou ir lá e foi barrada. Meu filho ligou para eles dizendo que queria notícias e nada. Não passaram nada para a gente por mais que tentássemos saber do cachorro. Eu não podia nem chegar perto de lá.

Não entendo o que o pessoal da ONG tem a ver com essa história. Eles não estavam lá na hora do fato, não viram nada, não eram donos do cachorro. Não sei o que eles estão fazendo nessa história.

G1 Piracicaba – Com toda a repercussão do caso, como ficou sua vida?
Claudio Cesar Messias – Eu tive que tirar todos os adesivos do meu carro. As pessoas passam na minha casa ou na minha oficina até hoje me chamando de assassino. Meus dois filhos tiveram que ficar sem ir à escola por duas semanas no começo para não serem ofendidos. Recebi um monte de ameaças de morte. No meu celular, que ficou com a polícia por dois meses, tinha 120 mensagens de voz ameaçando a mim e à minha família, e (também) cartas que enviavam para mim.

Foi um acidente o que aconteceu. Uma fatalidade. Mas nunca e em nenhum momento deixaram eu me defender. As pessoas só me acusam e não querem saber do meu lado. É muito difícil sofrer tudo e passar por tudo isso sem em nenhum momento quererem saber do meu lado. Fizeram campanha para eu nunca mais conseguir um serviço. O que é isso? Não podem me julgar desse jeito sem saber minha versão.

G1 Piracicaba – Porque você nunca foi às audiências do caso?
Claudio Cesar Messias – Por causa de toda essa questão das ameaças, das pessoas ficarem fanáticas por essa história e eu tenho medo do que pode acontecer comigo e com a minha família. As pessoas vinham com cartazes nas audiências, me chamando de assassino, como é que eu viria até aqui? O que é isso? As pessoas só ameaçam a gente.
Queria que minha cara sumisse da internet. Não queria me expor, para mais gente me ver, e mais gente me ameaçar. Queria proteção 24 horas por dia"
Claudio Messias

G1 Piracicaba – Mas não foi oferecido escolta?
Claudio Cesar Messias – Sim, mas só na hora da sessão. Queria que minha cara sumisse da internet, não queria me expor para mais gente me ver e mais gente me ameaçar. Queria proteção 24 horas por dia, não somente quando estivesse aqui. E se alguém seguisse a viatura e me encontrasse? Fica difícil.

G1 Piracicaba – E de agora em diante, o que você espera para resolução deste caso?
Claudio Cesar Messias – Espero que eu seja inocentado, porque eu sou inocente. Por isso que eu não me interessei pelo acordo de pagar duas cestas básicas. Seria uma pena pequena, mas uma comprovação de que eu sou culpado e eu sei que não sou.

Em cinquenta anos de vida, eu nunca tive uma passagem pela polícia, não é agora que vou manchar minha ficha. Eu sou homem. Se eu tivesse feito de propósito, tudo bem de fazer um acordo, mas eu não fiz. Eu não vi o cachorro para fora da caçamba. Errei com a corda, mas não o vi para fora. Jamais faria isso.

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