João Pessoa, 04 de março de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O governo brasileiro e a Fifa tem pouco tempo para resolver o imbróglio que envolve as partes em relação à Copa do Mundo de 2014. Em 12 de março, o secretário-geral da entidade, Jerôme Valcke, virá ao Brasil e no dia seguinte tem reunião marcada para Brasília com o governo do País. Porém, corre o risco de não ser recebido pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, após a polêmica dos últimos dias.
Na última sexta-feira, Valcke participou do encontro da International Board em Bagshot, na Inglaterra, e fez duras críticas às "muitas coisas atrasadas" na organização do próximo Mundial. "Não entendo por que as coisas não avançam. A construção dos estádios não está acontecendo dentro dos prazos. Por que será? Os organizadores precisam de um pontapé na bunda", disse.
Ministro do Esporte, Aldo Rebelo respondeu duramente no último sábado, em São Paulo, onde ressaltou que as obras no estádio estão adiantadas e classificou as palavras como "inadequadas e inaceitáveis para qualquer tipo de relacionamento". Assim, afirmou que o "governo brasileiro vai enviar uma carta" a Joseph Blatter, presidente da Fifa, informando que não aceita mais o secretário-geral como interlocutor.
Ele ainda adiantou que não receberia Valcke na visita programada pelo dirigente ao País. O francês já respondeu à nova crítica e não só confirmou a viagem como chamou o ministro de "um pouco infantil".
Em 12 de março, o secretário da Fifa desembarcará em São Paulo e, na companhia dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, membros do Conselho Executivo do Comitê Organizador Local da Copa (COL), visitará a Arena Pernambuco, em Recife, candidata à sede da Copa das Confederações de 2013. No dia seguinte, a comitiva observa as obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, participando ainda de um encontro com o COL e o governo brasileiro. O calendário oficial divulgado pelo ministério das relações exteriores em 1º de março confirma para 13 de março o que chama de "Reunião do Grupo de Trabalho da Copa do Mundo FIFA 2014". No dia 15, ainda está programada a vistoria de Valcke na Arena Pantanal, em Cuiabá.
Apesar das críticas à evolução das obras nos estádios, a principal irritação da Fifa é quanto à demora na aprovação da Lei Geral da Copa. O projeto, que segundo já disse Valcke deveria ter recebido o aval em 2007, chegou a passar parcialmente pela Câmara dos Deputados na última terça-feira. Foi votado o texto-base do relatório, contendo a maior parte do texto proposto, porém os pontos mais polêmicos, como venda de bebidas alcoólicas nos estádios, foram adiados para votação na próxima terça.
Ao final, foi divulgada que nem a votação inicial do texto valeu, por ter sido conclusa dois minutos depois da chamada ordem do dia – etapa da sessão do plenário na qual se avaliam os projetos da pauta. Segundo o regimento da Câmara, isso não pode ocorrer.
O novo adiamento redundou nas novas críticas de Valcke, estas mais duras. O cenário chega a surpreender pois em janeiro o dirigente se dirigiu ao País e, junto a Ronaldo e Rebelo, visitou as obras dos estádios de Salvador e Fortaleza. Na ocasião, o francês elogiou a preparação do País, embora tenha cobrado agilidade na aprovação da Lei Geral; enquanto isso, o ministro do Esporte defendeu a liberação da venda de bebidas alcoólicas nas arenas – algo proibido nas competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
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