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O tráfico ilícito de drogas constitui-se atualmente, segundo todos os especialistas em segurança pública, no braço mais lucrativo do crime organizado. E certamente isto não é novidade para muita gente. Entretanto, dentro desta complexa e hierarquizada rede criminosa, que é o narcotráfico, qual dos personagens fica com o maior “quinhão” destes dividendos?
A contabilidade desta complexa “empresa” criminosa deixa claro que muitos tiram vantagem financeira direta ou indiretamente deste comércio ilícito. Dentre estes favorecidos, sem sombra de dúvidas, o traficante chefe e o financiador do tráfico são os maiores beneficiados.
Segundo dados estatísticos da própria Organização das Nações Unidas, estes dois personagens já citados, abocanham em média 80% a 90% (oitenta a noventa por cento) do lucro do comércio ilegal de drogas. Em seguida, vem o produtor da droga, incluindo aqui o agricultor que produz e o processador, no caso das drogas naturais; estes geralmente ficam com percentuais bem abaixo dos traficantes, girando em torno de 2% a 10% (dois a dez por cento), do lucro total da venda destas substâncias.
Outra vertente bastante beneficiada com esta modalidade criminosa é o mercado financeiro, pois é público e notório a conivência nefasta e a omissão criminosa que muitos gestores e investidores desta atividade especulativa têm com os diversos negócios ilícitos, dentre estes o comércio ilegal de drogas.
No mundo todo, o sistema criminal estatal sabe que é comum os traficantes investirem parte dos seus ganhos em imóveis, móveis, joias, obras de arte, pedras preciosas etc. Contudo, a maior parte do dinheiro sempre vai parar nos cofres dos bancos, principalmente daqueles que operam em paraísos fiscais, onde o sigilo bancário é a atração principal para os operadores deste dinheiro sujo.
Mais recentemente, com o surgimento das moedas virtuais, muitos criminosos e suas organizações ilícitas, passaram também a aplicar seus dividendos ilegais nesta modalidade de investimentos, haja vista a dificuldade que os órgãos de fiscalização e investigação muitas vezes têm para rastrear tais operações criminosas e seus atores.
Além das modalidades de investimentos já citadas, a indústria de armas é outro setor comercial beneficiado com o tráfico de drogas, pois o lucro fácil deste comércio ilícito, faz com que muitos criminosos se locupletem rapidamente, e com isto, busquem assegurar suas proteções pessoais e preservação dos territórios por estes dominados para a prática do referido comércio ilegal, bem como dos seus bens em geral. E isto provoca, consequentemente, uma corrida desenfreada desses criminosos às armas de fogo, cujo resultado tem sido o surgimento de verdadeiros exércitos paralelos.
Segundo afirmou em recente conferência, o ex-coordenador de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Dr. Eduardo Soares, “o tráfico de drogas financia indiretamente mais da metade das armas ilegais em circulação no Brasil”.
Ainda de acordo com os dados da própria ONU, 90% (noventa por cento) da renda do comércio ilícito de drogas fica nos países consumidores e/ou paraísos fiscais. E, na maioria das vezes, as nações produtoras de drogas, especialmente das substâncias naturais (cocaína, maconha etc), são muito pobres.
Alguns dados estatísticos do governo dos E.U.A, afirmam que, a Colômbia, que é um dos maiores produtores de drogas de todo o mundo, especialmente cocaína e heroína, o narcotráfico chega a injetar naquele país cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto).
Portanto, está nítido que a rede criminosa do narcotráfico envolve um elenco composto por diversos atores em diferentes papéis, num enredo em que poucos se beneficiam e se locupletam facilmente, em detrimento de milhões de consumidores e dependentes que comumente se autodestroem, e por vezes também aos seus familiares, tomados pela ilusão nefasta das emoções passageiras e deletérias destas substâncias.
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OPINIÃO - 22/11/2024