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Kubitschek Pinheiro
O paraibano Sergio Lucena, um dos maiores artistas brasileiros da atualidade, será homenageado nesta quinta-feira, às14h, no aniversário da cidade de São Paulo, no auditório do Museu AfroBrasil Emanoel Araújo.
Haverá uma conversa entre ele e o curador da exposição, Claudinei Roberto Silva, e o lançamento do livro/catálogo de sua obra. São mais de 20 anos que ele mora na gigantesca São Paulo, onde fez seu nome e sua arte foi acolhida, espalhada e aplaudida desde a primeira exposição em 2007 no MuBE, Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia, no Jardim Europa, onde apresentou a série Deuses, de pinturas de animais fantásticos, junto às primeiras paisagens – na transição da sua pintura figurativa para as telas de paisagens, que seguiram rumo a abstração.
Nas redes sociais, ele dotado de entusiasmo, convida a todos em dias de FeliCidades.
Um operário das cores, dos deuses, dos seres imaginários de Jorge Luís Borges, Lucena tem essa valentia nordestina, valente no sentido de se manter de pé, segredo nenhum, inspiração, esquina São João com Ipiranga, lá da canção do Caetano Veloso.
Sua obra é o outro retrato à luz, é algo se mostra com um vigor tamanho de São Paulo.
Em entrevista ao MaisPB, SL fala da amplitude de sua obra e o reconhecimento dela.
MaisPB – Tanto tempo em São Paulo e você vem colhendo os frutos da sua arte com exposições mundiais – vamos começar por aqui?
Sergio Lucena – São 21 anos de São Paulo, cheguei à maioridade na vivência da cidade concomitantemente com alguma maturidade artística. Não é uma coincidência, é uma sincronia entre muito trabalho, dedicação e comprometimento com o reconhecimento do que foi realizado.
MaisPB – Você sempre reafirma o inicio e agora o meio, dessa trajetória…
Sergio Lucena – Sim. Isso não começa aqui. Começa com Flavio Tavares, Hermano José Guedes e se desdobra em São Paulo com Aldemir Martins, José Neistein, Jacob Klintowitz e tantos outros que viram valor no meu trabalho e me abriram as portas dessa cidade maravilhosa. É um privilégio porque aconteceu de ser assim, no caminho da arte isso não está garantido, independentemente do quão talentoso seja o artista.
MaisPB – Ser premiado com um catálogo de sua obra no dia do aniversário de São Paulo, é o reconhecimento e privilégio de poucos, não é ?
Sergio Lucena – A exposição que é o motivo do livro/catálogo Na Raiz do Tempo, a Matriz da Cor, segue em cartaz até 03 de março. O lançamento é um evento dentro do programa da exposição e da programação do museu relativa à celebração dos 470 da cidade de São Paulo. Sim, sem dúvida é um privilégio pelo qual sou muito grato à vida e a todos que me apoiaram e confiaram no meu trabalho.
MaisPB – Ah, vamos ter exposição também? Haverá uma conversa entre você e o curador Claudinei Roberto da Silva – poderia adiantar o que será abordado?
Sergio Lucena – Sim, nessa conversa o curador Claudinei Roberto Silva, deve fazer uma explanação do porquê da importância dessa exposição para a cidade. Há um dado relacionado à diáspora nordestina, refiro-me a essa população que ao longo dos anos migrou para o Sul em busca de melhores condições e que foi determinante para o progresso dessa região do país. Foi o nordestino que construiu essa que hoje é tida como a região mais rica e desenvolvida do Brasil, entretanto, não é dado ao nordestino o protagonismo que lhe é devido nesse contexto. A exposição, portanto, fala, a partir da minha pintura, de um lugar de excelência forjado por aqueles que buscaram e buscam construir uma realidade mais digna de se viver.
MaisPB – Fala mais do catálogo?
Sergio Lucena – O catálogo é um registro muito fiel da exposição. Foi desenvolvido pela extraordinária artista Carolina Colichio, com o apoio do Museu AfroBrasil Emanoel Araújo e da galeria Simões de Assis que me representa no Brasil. Além de um panorama visual da mostra e da reprodução das 72 pinturas que compõem a exposição, o livro/catálogo traz um precioso ensaio do Claudinei Roberto Silva sobre minha pintura.
MaisPB – E uma declaração de amor à São Paulo – como seria?
Sergio Lucena São Paulo é um porto para imigrantes do mundo inteiro, um lugar onde os sonhadores encontram as condições de materializar seus objetivos. Há quem diga que não é uma cidade fácil, isso é verdade, porém, não pelas razões óbvias. São Paulo reconhece o trabalho e a excelência, nisso reside o difícil e o glorioso dessa cidade. Meu amor pela cidade advém do permanente reconhecimento daquilo o que eu sou. É isso que me faz pensar o que faço a cada dia, que me questiona enquanto artista. É preciso gostar do desafio para gostar de São Paulo.
TURISMO - 19/12/2024