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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Breviário de decomposição

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publicado em 27/01/2024 ás 07h00
atualizado em 27/01/2024 ás 19h34

A memória é o túmulo de muita gente, não aqueles que trazem segredos, mas as catacumbas estão cheias – quem anda para trás, já sabe, né?  Enquanto a boca invocar podres poderes e horrores, a memória vai se instalando nos túmulos. É impressionante.

Ter boa memória é coisa rara. Isso só acontece com quem lê o bastante, para não cair no oficio do demo.

Vazia, sem clima, maquinal, a morte em vida, é cruel. Morto vivo é o que tem de mais rascante por ai.

Todos temos memórias que os anos consomem, e muitos se deixam ser consumidos.

A fala não pronunciada, nem correspondida, dá nisso, esbarra na memória tumular daqueles que não produzem nada, sequer o pensamento.

Quando eu era pequeno a minha mão desenhava as palavras no ar, algo enaltecia a descoberta de um novo vocábulo, que ia direto para cérebro. Fiz e ainda faço anotações diversas  – em livros, filmes e aulas.

Não sou bom de memória – que não é fácil.  Eu não consigo mais decorar um poema, só músicas,  pois, faz escuro mais eu canto, do tempo que meu meu pai  me apresentou a Thiago de Mello.

O jeito sensual de algumas frases me excita e esse jeito já é um gozo. Namorar tem dessas coisas, olhar na cara um do outro e sentir que o amor vai se armazenando na memoria.

Sexo tem memória?  Não, o sexo é a premissão do prazer.

Para quem não consegue adormecer, atolado nos carneirinhos, a saída é voltar as palavras da cabeira. Livro é memória viva.

A beleza tem memória? Não sei, talvez a fisionomia. Quantas vezes encontramos com determinadas pessoas e não nos lembramos dela? É porque não temos aquela memória.

A inocência tem memória? Ora, nada que se esquiva das sílabas, é  memorável.

A loucura tem memória? Não, mas deixa assim.

O coração tem memória? Bom, o coração é terra que ninguém anda.

O sossego tem memória? Não, o sossego é sagrado.

O sonho tem memória?  Depende.

O olhar tem memória? Tem sim, mas para isso existe a miopia.

A distância tem memória? Só o vulto sabe.

O abandono tem memória? Só sendo…

E a luta, a luta tem memória? A luta continua.

Kapetadas

1 –  Me desculpe por ter desmarcado o nosso compromisso. Eu me enrolei aqui… no edredom e não pretendo sair tão cedo.

2 –  O que falar dessa pessoa que mal conheço e já considero pacas. Odeio essa palavra – pacas

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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