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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Delirando sem febre

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publicado em 30/01/2024 ás 07h00
atualizado em 30/01/2024 ás 08h27

Comecei a trabalhar aos 12 anos. Meu pai tomava conta do Jatobá Clube. Quando tinha festa,  ele fazia o mapa das mesas e me incluía na equipe  de organização e limpeza  do clube.

Tinha uma enceradeira manual que o dancing  virava um espelho. Por que estou dizendo isso? Porque eu gostava de ganhar o dinheiro do meu trabalho. Meu pai nunca me deu mesada, pois, estava fora do orçamento.

Ah, lembrei – Tinha uma coisa que acontecia nos domingos à noite, no Cinema Paroquial, que era bem animado – o Juventude Show. Uma vez inventei de cantar: fui interpretar uma canção do grupo Secos & Molhados – plateia cheia.

Subi no palco, Lalá Saraiva na guitarra, mandou ver. A canção havíamos ensaiado uma única vez. Quando minha voz subia nos agudos ia bater no bairro de São Sebastião – a moçada embaixo me cobria de vaia, mas eu cantei até o fim  – o verso era esse: “Bailam corujas e pirilampos, entre os sacis e as fadas, e lá no FUNDO AZUL, na noite da floresta, A lua iluminou a dança, a roda, a festa”. Na parte do fundo azul, eu saia do tom.

Desci do palco, fui para casa e já nem me lembrava de nada. Sempre foi assim, quando eu era garoto. Hoje, me parece mais aguçado, sei que sou bem mais sensível. Bem mais.

Lembro que o comentário ficou nas calçadas, como eu tivesse cometido um crime.

Pouco depois de ter completado 15 anos, vim morar em João Pessoa. Ou seja, sai de uma palco para outro maior, mas sempre que posso canto nos stories e já cantei no antigo Bar Boiadeiro, em Tambaú, com minha voz  afinada.

Só Deus sabe o duro que dei. Quando não passei no primeiro vestibular –   teria que voltar para a estaca zero. Resolvi  fincar o pé no litoral e voltei a morar com parentes – mas, como não existe almoço grátis, tive como tarefa lavar os pratos e secar.

Eu sempre dei conta, prestei conta e assim o barco já vai longe. Sabe as flores do jardim da nossa casa?  Tem que aguar.  Antes de qualquer parada, a vida é desmedida e, às vezes, é só passatempo.

La nave va.

Kapetadas

1 – To pensando em comprar uma vodka, se alguém tiver algo contra este casamento fale agora ou se cale para sempre.

2 – Chocolate amargo deveria se chamar só amargo mesmo

3 – A imagem da ilustração é a Igreja São José e do seu lado, o Cine Teatro Paroquial.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB