João Pessoa, 04 de fevereiro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Com certeza não vai ganhar nem um Oscar. O filme Priscilla ( interpretada por Cailee Spaeny), é autobiográfico e esse tipo de filme tende a cair no vazio. Priscilla não é um filme ruim, é um filme triste, com cenas escuras e belas. O mundo está cheio de Priscillas, embora a personagem surja infantil e não deve ter sido fácil aos14 anos, se apaixonar por um astro como Elvis Presley. (vivido por Jacob Elordi)
No filme, a cineasta Sofia Coppola mostra a visão de Priscilla Presley. Seria a visão de uma feminista? Aliás, nem é preciso de muita imaginação para saber porque as cinebiografias chamam a atenção do público. É como uma conversa alheia, mas o homem é sempre o mesmo, em qualquer tempo.
Estão ali memórias, de histórias até pouco conhecidas ou reveladas entre Priscilla e Elvis. É como trazer à tona o jogo perigoso que se pratica quando duas pessoas ficam apaixonadas – vivas ou não. Bom, mortas elas passam a ser representadas.
A Priscilla outra, representada por Caille Spaeny do outro lado da tela, funciona muito bem. Em Priscilla, o novo trabalho de Sofia Coppola, a biografada participou da produção e aprovou o resultado. É claro, né? Priscilla Presley chega aos 80 anos em 2025.
Baseado no livro “Elvis e Eu”, escrito por Priscilla e a jornalista Sandra Harmon, publicado na década de 80, o filme acompanha a então Priscilla Ann Beaulieu desde seus 14 anos de idade, quando conheceu Elvis Presley, que já era um homem adulto, uma celebridade da música na época.
Bom, ainda tem gente dizendo por aí que Elvis não morreu, deve ser do bando que diz que o homem não foi a lua, mas aqui a conversa é cinema.
Quem dizia o meme de ontem “todo começo são flores”, era minha mãe. No filme, nos momentos de maus tratos, loucura e arrependimentos (é sempre assim, as pessoas terminam maltratando as outras, mas não deixe isso acontecer com você), Elvis diz a Priscilla, que ele é igual a sua mãe enlouquecida – afinal, a mãe sempre paga o pato.
Elvis toma tufos de remédios e chega a colocar na boca de Priscilla. É loucura, né? É não, as pessoas, astros ou não, sempre surgem com uma fúria e depois adoecem – astros, viu. Hoje em dia milhares de pessoas tomam remédios para dormir e acordar – nenhuma novidade nesse ritmo do rei do roque. Sim, Elvis não gostava desse título, apesar das extravagâncias ele tinha personalidade humilde, a ponto de reconhecer que outro artista merecia o honroso título.
Não existe conto de fadas no filme de Sofia Coppola, existe o desprezo, que é bem pior. Elvis vive a possibilidade do momento, ora fazendo filmes, ora em turnês e Priscilla em casa, uma menina linda, que chega dizer a ele, que ela precisa ser desejada.
Ouvir de Elvis uma declaração de amor que parece nunca ter acontecido, talvez a fascinação, mostra o sofrimento de Priscilla, mas cada um sabe porque insistir no erro. Até porque não existe erro no filme, nem na vida da personagem, existem restos de frases, no calor e no escuro. Sim, eles se casam, isso todo mundo sabe, sim eles são pais de Lisa, que entra no filme apenas quando é um bebê.
O filme não é nada disso que eu escrevi, pode ser uma cor purpura impossível de brilhar, passada pela ótica de Priscilla Presley.
Num romance que aconteceu nos anos 60, não dá para falar sobre modernidade tardia. Inclusive, a única atitude certa da Priscilla, é quando ela diz: “se eu ficar, nunca vou embora”. Partiu. Final infeliz?
Kapetadas
1 – Falando em sono, em tomar remédio para capotar, a madrugada é o período meio enviesado: ou ainda é cedo pra deitar ou cedo demais pra levantar. Levanta, sacode a poeira.
2 – O ruim de quebrar paradigmas tarde da noite é que não se encontra um bom paradigmador aberto a essa hora.
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TURISMO - 19/12/2024