João Pessoa, 26 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Time de Guerreiros mostrou mais uma vez que quanto maior o desafio, mais o Fluminense se supera. Depois de uma fase de grupos irregular, da classificação sofrida às semifinais e da vitória nos pênaltis sobre o Botafogo, o tricolor voltou a conquistar a Taça Guanabara. O título, que não ia para as Laranjeiras desde 1993, foi conquistado com uma vitória convicente por 3 a 1 sobre o Vasco, adversário que tinha até então 100% de aproveitamento no primeiro turno do Campeonato Estadual, com oito vitórias em oito partidas. O resultado pôs fim a um jejum de 12 jogos do Fluminense sem vencer clássicos (a última tinha sido em novembro de 2010, sobre o mesmo Vasco, no Campeonato Brasileiro).
O campeão Fluminense teve um domingo especial no Engenhão. Com grandes atuações de Wellington Nem, Deco – que marcou um golaço – e Fred (autor dos outros dois gols), a equipe comandada pelo técnico Abel Braga soube fazer do talento de seus jogadores a sua principal arma. Aos 11 minutos do segundo tempo a vitória na decisão já estava praticamente assegurada, quando Fred recebeu passe de Thiago Neves, em contra-ataque veloz, e bateu de primeira, no canto esquerdo do goleiro Fernando Prass. Dali em diante, a torcida tricolor já começava a festa pelo título que há 19 anos não conquistava.
– Estou muito feliz. A gente começou o campeonato mal e ninguém acreditava na gente – comemorou Wellington Nem.
Thiago Neves, que no ano passado ganhou a mesma Taça Guanabara pelo Flamengo, resumiu:
– Foi uma bela apresentação de todos os jogadores e o time mereceu ser campeão.
Torcedor cai no fosso e sofre fraturas
Apesar do amplo domínio tricolor – especialmente na segunda etapa – e do placar elástico, o jogo não foi fácil. Até o primeiro gol, de pênalti, marcado por Fred, a decisão estava bastante equilibrada. E era disputada em alta velocidade, apesar do forte calor, com chances de gols para os dois lados.
A primeira grande oportunidade foi do Flu, com Wellington Nem, em arrancada pela esquerda e drible sensacional sobre Dedé, mas com conclusão ruim, para fora. O Vasco quase abriu o placar aos 13, em cabeçada de Nilton que saiu rente à trave, após cruzamento de Juninho. Aos 30, Deco fez grande jogada na lateral direita e deu um lençol em Juninho, que o agarrou e levou cartão amarelo. Três minutos depois, o zagueiro tricolor Anderson se enrolou na saída da bola e foi desarmado por Alecsandro, que rolou para Diego Souza acertar uma bomba no trave direita de Diego Cavalieri.
A resposta tricolor foi em seguida. Aos 34, Wellington Nem recebeu cruzamento na área, encarou o lateral Fágner, passou por ele com belo drible e foi derrubado. Pênalti claro, bem marcado pelo árbitro Marcelo de Lima Henrique. Fred cobrou com enorme categoria: bola no alto, no canto esquerdo de Fernando Prass, que caiu para o lado oposto. Flu 1 a 0. O torcedor Francisco de Assis se empolgou demais na comemoração do gol e caiu no fosso. Ele foi levado consciente ao hospital, onde se constatou fratura no antebraço e no punho direitos, não havendo nada de mais grave.
Aos 40, o Vasco tentou empatar, e quase conseguiu. Diego Souza cabeceou para fora e deu um susto na torcida tricolor. Mas Deco seria decisivo no lance seguinte. Ele recebeu a bola pela esquerda e deu a impressão que cruzaria para a área, mas chutou direto, no ângulo direito, e surpreendeu Fernando Prass, que já saía para a esquerda, para tentar cortar o cruzamento. O golaço mudou o placar e matou o Vasco: 2 a 0.
– Percebi o Prass saindo para esquerda, arrisquei o chute e dei sorte – disse Deco, tirando dúvidas sobre se queria cruzar ou de fato chutar a gol.
Tonto, o Vasco ainda escapou por pouco de sofrer o terceiro no fim do primeiro tempo: o zagueiro Rodolfo falhou, Thiago Neves roubou a bola e, livre diante de Prass, chutou para fora.
Por pouco não acontece uma goleada
No segundo tempo, o Flu dominou inteiramente a partida, diante de um adversário nocauteado. O golpe fatal foi o gol de Fred após passe de Tiago Neves, que se aproveitou de falha do lateral-esquerdo Tiago Feltri, que tinha a bola dominada. Com 3 a 0 no placar e a convicção de que seria campeão, o Fluminense passou a esperar o Vasco e sair em contra-ataques velozes, que se tivessem sido aproveitados pelos atacantes tricolores teriam resultado numa goleada histórica.
Pelo menos em duas oportunidades o Fluminense não marcou por detalhes. Aos 17, Wellington Nem foi lançado e disparou, sem marcação. Ele chegou a driblar Fernando Prass, mas perdeu o ângulo e a chance do quarto gol. Aos 30, Thiago Neves entrou livre na área e armou o chute, diante do goleiro, mas preferiu passar a bola a Fred, que não esperava e a deixou escapar.
Do lado do Vasco, muita vontade e pouca eficiência. Dedé virou atacante e tentou empurrar o time, na base da raça. Aos 37, o gol de honra. Fágner cruzou da direita e o volante Eduardo Costa cabeceou livre para o gol: 3 a 1. No minuto seguite, Dedé cabeceou na trave de Diego Cavalieri, dando um grande susto na zaga tricolor. Aos 40, Kim chutou rasteiro e a bola saiu raspando a trave do Flu, com desvio a escanteio. Aos 41, Cavalieri defendeu duas vezes na pequena área, em chutes de Kim e Alecsandro.
Foram três lances que deixaram os tricolores tensos, mas a tentativa de reação vascaína ficou nisso. Depois de recuperar o fôlego, a torcida tricolor no Engenhão soltou o ar dos pulmões e o grito da garganta para vibrar com o coro de "é campeão". O título da Taça Guanabara classifica o time à final do Estadual e dá tranquilidade para que o Fluminense se dedique à Taça Libertadores, o principal objeto de desejo de jogadores e torcedores.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024