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(Em memória de Walter Galvão)
Com 80 anos, o cineasta Martin Scorsese acena da arena de combate. Sua genialidade, sustenta a altivez.
Diálogos e imagens surpreendentes vazam de seu filme “Assassinos da Lua das Flores”, que parte de uma premissa de reparar a injustiça histórica com um povo exterminado e seus opressores. O filme vem do livro do jornalista David Grann.
Os oprimidos são os mesmos, desta vez os osages, uma nação de nativos americanos que é alojada pelo governo num território indígena no Estado de Oklahoma e lá enriquece, no início do século 20, quando se descobre petróleo na região.
Na trama (fatos reais), o homem branco, sempre ele, é o maior opressor representado pela família do rancheiro William King Hale (Robert De Niro), com a potencialidade imposta de promover a extinção dos osages e se apossar de suas terras. Sempre foi assim.
Hale festeja a chegada do sobrinho Ernest (Leonardo DiCaprio) indicando-o para cortejar uma das herdeiras Osage, Mollie (Lily Gladstone), mas é Scorsese quem rouba cena no final.
Indígenas, jorros de petróleo, gananciosos, agentes do FBI estão juntos no mesmo espaço e não é difícil imaginar esses grupos diante da maior minoria étnica coagindo o tempo, a vida, o sonho dos osages
“Assassinos da Lua das Flores” é o cinema como arte e não o cinema midiático.
“Conteúdo é algo que você consome e joga fora”, definiu o cineasta em uma entrevista, irritado com o momento que a indústria cinematográfica que hoje movimenta remakes, reboots e heróis de quadrinhos. “Haverá gerações que pensarão que aqueles são os únicos tipos de filmes que existem”, aponta MS.
Como sempre, o diretor foge dessa tendência. O resultado é uma obra visualmente impactante.
São linhas de mãos riscadas, perdidas, como se o mundo pudesse dissipar-se ou deixar de existir o canteiro das flores da lua, sem uma prece diária, sem pena e sem dó.
Um filme cheio de lembranças cruéis. “Assassinos da Lua das Flores” é mais um carimbo da arte de Scorsese, que passa pela pele do sonho, enquanto seguimos as ilusões.
Três horas não é nada para esse filme, sequer dar cabo de toda desgraça com ênfase, (peço desculpa)
Kapetadas
1 – Se entramos em apocalipse, não sei, mas a Baby do Brasil já está nele faz tempo.
2 – Hoje não estão prendendo gente por hora, é por minuta.
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OPINIÃO - 22/11/2024