“Se tiveres dois pães, vende um e compra um lírio.” Provérbio chinês que parece não fazer muito sentido para a civilização hodierna, capitalista e cada vez mais preocupada com a escassez de recursos. Todavia, esquecemos dos outros tipos de escassezes das quais padecemos e nem notamos. Escassez do que é belo, de empatia, de beleza, de arte, de poesia, de honestidade, sinceridade, de tudo que nos torna humanos.

Vendo o meu segundo pão e compro um lírio, pois terei o desapego de dividir o que sobrou com quem também precisa. Além disso, descobrirei o que é indivisível e intransferível em mim. Aquela porção da qual não posso abrir mão.

Venderei o segundo pão, comprarei o lírio que enfeitará a mesa onde degustarei meu alimento, grata por tê-lo. Acreditando que o de hoje foi suprido e o de amanhã também será! Longe do frenesi de querer tudo possuir. Desfrutando da beleza da flor que conseguiu ser mais bela do que todas as vestes do rei Salomão, em toda a sua riqueza.

Comprarei o lírio, me banquetearei de beleza, de valor e de pão. Serei humana e ainda terei um lírio.

“Nem só de pão viverá o homem”, sua alma necessitará de mais. E tudo de que precisa estará disponível, desde que ele tenha a disposição de vender o seu segundo pão e comprar um lírio.

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