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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O monólogo do adeus de Valparaiso

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publicado em 05/03/2024 ás 07h00
atualizado em 05/03/2024 ás 08h35

Sim, você ficou debaixo da cama, mentiu, me iludiu, mas não me deixou por fora. Ué, tenha modos Sr. K? Lá fora uivam as lobas emergentes em Patos de Minas, no Valpáraiso. Urgente –  O devaneio é o programa de quem não tem condições de temporada na praia, ou seja, escreveu não leu, o pau comeu. O pau come.

Eu estava acertando as coisas, quando vi na prateleira alguns filmes de Chaplin aí pensei  e se a amizade desaparecesse?  Estamos a caminho, viu? Nada a ver com Chaplin o ditador, brincando com a bola de gude do mundo. Somos amigos íntimos?  Já fomos Bruce Lee faz tempo. Mas quem  tabulará  a escala da visão?, grita André Bretron lá do oitão.

Se na ocasião tivesse, minimamente, dito a verdade, teria sido mais bonito, mas não disse, correu para festejar o samba que havia me convidado, sem eu. Eu, quem?  Eu me lamentando? Não, protestando, indo em cima, mas se requebrar não caia por cima de mim. Nem sabe que eu comprei um drone que filma os olhos teus da cobiça, nos meus olhos de adeus.

Diga a verdade, diga sempre a verdade, não crie historias suspeitando dúvidas, jamais segredos que se escondem naquele segundo plano que não é o plano B. Plano B não existe. É tudo mentira.

Até à sua morte, o poeta e filósofo Emilio Oribe, e onde, também, Jorge Luís Borges confessou ter-se hospedado e sofrido de insônias, eu quase não dormi naquela noite em que faltou a verdade. No travesseiro, minha consciência límpida. Sou estrangeiro numa terra marginal.

Quando fiz a opção pelo delírio, ali mesmo, matei a mentira. Peguei você na mentira, viu? Você, quem?

Minha mãe jogava creolina em tudo, ela era muito limpa, sempre falava a verdade, mesmo que causasse um escândalo escambau. Já meu pai dizia, meu filho mate uma pessoa, mas não dê um escândalo. Meu pai, o grande escândalo sou eu aqui a par de tudo. Tudo, o quê?

Cheguei no  Hotel Cervantes em Montevideo que nunca estive antes nem durante, alojado num sofá – tinha chegado as duas ou três da manhã. O hotel não tem nada de Cervantes, talvez conservantes.  Talvez a curiosidade me tivesse levado para outras escadarias, onde, talvez, o mais melancólico e irreverente Sancho Pança teria falado só a verdade. Dr. Iris-Mar que o diga. Não diga que você é verdadeira, se lhe falha a memória, se quer a memória dos mortos. Nesse originalíssimo momento, mentir e omitir foi  e é a mesma coisa.

Depois quem paga a promessa na escadaria da Penha sou eu. Eu, quem? Peço perdão a Penha, pelas pessoas que me enganam ou pensam que me enganam. Prego batido, cabeça minha virada na erudição. O demo está na rua. Você leu Guimarães Rosa?

Ninguém vai me barrar no mirante, eu estou na paisagem.

 Se eu tivesse “dexilado” para reencontrar a sua verdade, não teria deixado a amizade ter saído do controle. Chega! Eu prefiro o  exílio do que o arrependimento por não corresponder,  ao samba que você me convidou.

Aliás, fazer um samba e não chamar Noel, é mesmo que nada. Quem é o Noel?  Ah, só entra na Barca, quem fala a verdade.

Deu no blog da Bobô – “existo para odiar a mim mesma e as outras”. Nossa! Então, adeus Valparaiso.

Kapetadas

1 – Vigilantes do Peso anuncia fim das atividades no Brasil. Alface, cenoura e ricota estão consternados, mas vai rolar o maior auê das emergente na SantaGuilhermina.

2 – Vgilante do peso (dos outro né). Te dana!

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