João Pessoa, 06 de março de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
(para os netos e bisnetos)
Queria eu viver o tanto que Maria Toscano viveu, queria eu viver conscientemente, até o juízo final, queria ter sido tão amada como Maria foi.
Maria mostro nos a noite, onde nosso olhar ficou no entardecer. Nunca tinha vista tanta delicadeza, gente chorando em silêncio e fiquei muito emocionado com o olhar dos filhos e netos despidos diante dela.
Um filho falou baixinho pertinho, alguma coisa como se dissesse – “obrigado, mãe”
E não havendo corpo em movimento apenas seu nome pronunciado, aliás são tantas Marias, que esse nome não sairá do pensamento, até o dia em que haveremos de partir também.
Maria ficou mais tempo entre nós – 102 anos, para que víssemos ela esculpida no mais puro, nunca impuro, eterno sonhar, viver e sofrer.
A imagem que vi muitas vezes da janela do apartamento de Ângela Bezerra, em Tambaú – Germano e Tereza indo para a casa de Maria, noutros entardeceres, a pé, ficou emoldurada.
Maria voltou a ser uma mocinha, estava explícito na pele do rosto, onde ela só via as rosas, que lhe serviam de manto.
Fiquei a imaginar quando ela e Ascendino se conheceram, se amaram, o primeiro rebento, a vida simples em Guarabira, naquele momento sagrado, nos instantes de amor e dor.
Eu gostava dela. Nos 90 anos, levei uma tela de Nossa Senhora de Fátima, pintada por Flávio Tavares.
Voltei para casa triste, o pensamento suspenso, na banalidade de reinventarmos o hoje, quarta-feira, outro dia, o primeiro dia sem Maria.
Foi lindo as pessoas cantando Fascinação, uma canção cuja beleza cativa até os que não gostam de música – “Poema divino cheio de esplendor”.
Maria foi se encontrar com outras marias.
Obrigado Maria, sua vida valeu!
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OPINIÃO - 22/11/2024