João Pessoa, 17 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu nesta sexta-feira que uma "investigação independente" sobre o incêndio que deixou 355 prisioneiros mortos no cárcere superlotado de Comayagua, em Honduras.
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O "Alto Comissariado lamenta profundamente a morte de 350 pessoas (…) no incêndio trágico da penitenciária de Comayagua, em Honduras", declarou em Genebra o porta-voz, Rubert Colville.
Ele acrescentou o que órgão "apoia plenamente a criação de uma profunda investigação independente sobre as causas do incêndio e para determinar se as condição da penitenciária contribuíram para as enormes perdas de vidas".
O incêndio teve lugar entra a noite de terça-feira e a madrugada de quarta na prisão de Comayagua, no centro de Honduras, que abrigava mais de 850 presos, o dobro de sua capacidade.
INCÊNDIO – A tragédia ocorreu por volta da meia-noite de terça-feira, por causas ainda não esclarecidas. Autoridades investigam se o fogo decorreu de um curto-circuito ou foi provocado por detentos que davam início a uma rebelião.
Nesta madrugada, foi concluída a transferência dos corpos das vítimas para Tegucigalpa, onde equipes de médicos legistas já trabalham na identificação.
Os corpos dos dois presos que morreram no hospital foram entregues aos familiares, confirmou à imprensa local o procurador-geral, Roy Urtecho.
De acordo com os dados disponíveis, 30 presos foram levados para hospitais de Comayagua e Tegucigalpa, com queimaduras e fraturas. Alguns deles já estão de volta à penitenciária, situado a 80 quilômetros da capital hondurenha.
Fernando Antonio/Associated Press
Mulher aguarda informações sobre parente preso em penitenciária que pegou fogo em Honduras
Mulher aguarda informações sobre parente preso em penitenciária que pegou fogo em Honduras
Os familiares das vítimas pediram agilidade na identificação dos corpos para que possam fazer com rapidez os sepultamentos. As autoridades, no entanto, advertiram que as tarefas de identificação "levarão bastante tempo".
FAMÍLIAS – Para tentar agilizar o processo, o secretário do Congresso Nacional, Rigoberto Chang Castillo, apresentou na quarta-feira à noite uma moção para que se permita a entrega sem autópsia dos corpos dos presos que possam ser identificados por seus parentes.
Médicos forenses de Honduras, apoiados por especialistas internacionais, avançaram nesta quinta-feira na árdua tarefa de identificar os corpos calcinados dos presos que morreram na penitenciária de Comayagua, no centro do país.
"Os primeiros 115 cadáveres em contêineres refrigerados chegaram na noite de quarta-feira ao morgue de Tegucigalpa, a 90 km de Comayagua, outros 146 pela madrugada e o resto [vai chegar] no transcurso desta quinta para que os técnicos periciais empreendam a identificação", disse o ministro Pompeyo Bonilla.
"Isso é um processo demorado, mas temos a cooperação de países amigos. Chegam especialistas, odontólogos, peritos forenses, do Chile, dos Estados Unidos, da Guatemala, de El Salvador e outros países", acrescentou o ministro.
O trabalho dos especialistas era dificultado devido ao fato de que muitos corpos estavam totalmente carbonizados. Muitos morreram dessa forma, abraçados às grades das celas, outros asfixiados pela fumaça e outros morreram afogados, ao se lançarem sobre reservatórios de água da penitenciária, conforme testemunhos ouvidos pela AFP.
A União Europeia lamentou hoje a tragédia de Honduras e exortou esse país a investigar as causas, disse a chefe diplomática do bloco, Catherine Ashton, por meio de um comunicado oficial.
O Folha
OPINIÃO - 22/11/2024