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O terceiro dia de julgamento do caso Eloá no Fórum de Santo André, ABC paulista, foi dedicado aos depoimentos de Paulo Sérgio Squiavo, membro do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e última testemunha de defesa, e do réu, Lindemberg Fernandes Alvez. Esta foi a primeira vez que ele se pronunciou sobre o crime, ocorrido em 2008. A oitiva do acusado durou mais de cinco horas.
Após leitura da acusação feita pela juíza, Lindemberg disse que era muito amigo da família e gostaria de pedir perdão. "Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor", relatou.
Ele também admitiu que atirou em Eloá. "Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido." No entantto, disse não lembrar se atirou ou não em Nayara, também foi mantida refém.
Após ouvir os depoimentos, a juíza Milena Dias encerrou por volta das 19h40 desta quarta-feira (15) os trabalhos do terceiro dia de júri do caso Eloá, no Fórum de Santo André, ABC paulista. O julgamento será retomado amanhã, às 9h, com os debates entre defesa e acusação. Em seguida, os jurados devem se reunir e na sequência a juíza lerá o veredicto.
Confira abaixo os trechos mais importantes do depoimento de Lindemberg:
Motivação – Lindemberg alega que o sequestro começou quando ele chegou no apartamento de Eloá e a encontrou acompanhada de Nayara e os outros dois meninos.
Segundo ele, a ex-namorada se atrapalhou ao explicar a presença de Victor Lopes de Campos, uma vez que sabia que Iago Vilela de Oliveira era namorado de Nayara.
Ele ficou furioso porque eles haviam reatado o namoro no sábado anterior ao sequestro e haviam prometido que contariam um para o outro tudo que acontecesse na vida deles.
Ao pressionar Victor, o menino admitiu ter beijado Eloá, que continuou negando o ocorrido. Foi neste momento que Lindemberg mostrou que estava armado. "Infelizmente, doutora, trair hoje é normal, mas eu não sou um cara que admite traição." Ele ainda chegou a declarar: "Qualquer pessoa por estar armada, após saber que sua namorada estava beijando outro garoto, ia tomar uma medida mais extrema e atirar nela (Eloá) de primeira".
Arma – O acusado contou que adquiriu a arma de um senhor que estava vendendo todos os pertences no Parque da Juventude, em Santo André, para poder voltar para sua terra natal. Entre os itens oferecidos estavam o revólver e a munição.
Lindemberg explicou que comprou o artefato, pois ele já havia recebido três ameaças de morte vinte dias antes do sequestro começar. A partir de então, ele passou a andar armado o tempo todo. "Eu não tinha inimigos e não tinha arrumado briga com ninguém. Não sei quem poderia ter feito isso, mas fiquei com medo."
Cárcere– O sequestro foi descoberto quando o pai de um dos meninos foi buscá-lo na casa de Eloá. Neste momento, Lindemberg abriu a porta, mostrou a arma e informou que os jovens estavam em seu poder e que só os deixaria sair depois que conversasse com sua namorada. O pai, então, acionou a polícia.
"Depois do primeiro dia, após ver as viaturas, precisei de um tempo para assimilar tudo o que estava acontecendo, aquele monte de policiais, de jornalistas, eu nunca tinha sido preso, eu não estava acostumado com isso."
O réu deixou claro em seu depoimento que sempre permitiu a saída de Nayara, Victor e Iago, mas fazia questão da presença de Eloá.
Os amigos se recusaram a deixar Eloá sozinha com Lindemberg e a decisão de voltar ao apartamento partiu de Nayara, pois ela gostaria que todos saíssem daquela situação juntos.
Ele contou que a ex-namorada o lembrou do sequestro ocorrido no Rio de Janeiro com o ônibus 174, e que ao mesmo tempo que ele não confiava na polícia, ela também tinha medo de morrer e não desejava deixar o apartamento.
Agressões – O acusado nega que tenha agredido Eloá durante o tempo que permaneceu com ela no cárcere. Segundo ele, ela gritava e chorava sem que ele tivesse feito alguma coisa. Ele afirma que o único momento em que "encostou a mão" nela foi quando, ao mostrar o revólver, Eloá tentou agarrá-lo e com medo de que ela o desarmasse, a empurrou no sofá.
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OPINIÃO - 22/11/2024