João Pessoa, 15 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O presidente sírio, Bashar al-Assad, que reprime uma revolta contra seu governo há 11 meses, ordenou que um referendo sobre uma nova Constituição aconteça no dia 26 de fevereiro.
“O presidente Assad emitiu um decreto para convocar um referendo no 26º dia deste mês para uma proposta de Constituição para a República Árabe da Síria”, divulgou a TV estatal nesta quarta-feira.
Enquanto isso, forças do governo lançaram uma ofensiva contra a cidade de Hama no início desta quarta-feira, disparando sobre os bairros residenciais de veículos blindados e de canhões móveis antiaéreos, informaram ativistas da oposição. Segundo moradores, tanques bombardearam os bairros de Faraya, Olailat, Bashoura e al-Hamidia, e as tropas estavam avançando a partir do aeroporto, disseram fontes da oposição.
Um ativista chamado Amer, falando brevemente por telefone via satélite, disse que redes de telefonia móvel foram cortadas em toda Hama, uma cidade sunita famosa pelo massacre de cerca de 10 mil pessoas, quando o pai do atual presidente, Hafez, enviou tropas para esmagar uma revolta em 1982.
Na capital Damasco, a elite das forças sírias iniciou uma ofensiva em parte da cidade, disparando tiros de metralhadora para o ar, a partir de veículos blindados. Segundo relatos de testemunhas à agência de notícias Reuters, soldados entraram no bairro central de Barzeh. Tropas da Quarta Divisão Armada e da Guarda Republicana montaram postos de controle no local e fizeram vistoria em casas, prendendo várias pessoas, contaram ativistas. É a primeira vez desde o início da revolta popular que forças sírias atuam em uma região tão central da capital. Os soldados estariam em busca de opositores e membros do dissidente Exército Livre da Síria.
Em Homs, o governo manteve os bombardeios, que já duram 13 dias. Uma explosão em um oleoduto próximo ao bairro de Bab Amro, um dos mais atingidos pela repressão, causou uma grande nuvem de fumaça, que permanecia mesmo horas após o incidente, no início da manhã. O oleoduto, cujo destino é a refinaria de Homs, já foi atingido várias vezes durante a revolta no país. Autoridades do governo acusaram “sabotadores terroristas” pelo ataque, enquanto ativistas da oposição dizem que o Exército acertou o local por engano.
A determinação de Assad de esmagar a revolta, independentemente da condenação generalizada do seu uso da força contra civis, levou os países árabes liderados pela Arábia Saudita a preparar uma nova resolução nas Nações Unidas em apoio a um plano de paz em uma reunião no domingo no Cairo.
A resolução aprovada na reunião exortou os árabes a fornecer todos os tipos de apoio político e material para a oposição. Isso incluiu a transferência de armas, disseram diplomatas da Liga Árabe.
— A oposição deve receber apoio financeiramente e diplomaticamente no começo, mas se os assassinatos realizados pelo regime continuarem, os civis devem ser ajudados a se proteger. A resolução dá aos estados árabes todas as opções para proteger o povo sírio — disse o embaixador árabe no Cairo.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024