João Pessoa, 14 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A mãe de Eloá Pimentel, Ana Cristina Pimentel, disse nesta terça-feira (14) que não viu arrependimento algum nos olhos de Lindemberg Alves, acusado de matar sua filha em outubro de 2008. “Não vi arrependimento nenhum”, disse Ana Cristina.
O réu teria balbuciado algo para Ana Cristina assim que ela entrou na sala do Tribunal do Júri nesta manhã. “O que eu entendi foi que eu não falasse mal dele”, disse a mãe de Eloá quando perguntada sobre o que ele teria tentado dizer. Quem estava na platéia, entretanto, entendeu que ele estivesse pedindo perdão.
A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg Alves, pediu nesta manhã que a mãe da vítima não fosse ouvida durante o julgamento. Nesta segunda (13), a própria advogada havia arrolado a mãe de Eloá e o irmão caçula, Everton Douglas, de 17 anos, como testemunhas. Ana Lúcia ameaçou abandonar o júri caso Ana Cristina fosse ouvida.
Logo ao entrar na sala do Tribunal do Júri, a mãe de Eloá encarou o réu, que não desviou o olhar. Em seguida, a advogada de Lindemberg foi até a juíza Milena.
Dias, informando que não queria que os dois familiares de Eloá fossem ouvidos como testemunhas de defesa. O plenário vaiou a advogada e a juíza pediu silêncio.
"Não concordo que essa testemunha seja ouvida. Eu quero dispensa-la”, disse Ana Lúcia sem apresentar motivo. A juíza ponderou que seria necessária a concordância da acusação. A promotora do caso, Daniela Hashimoto, discordou. Em seguida, a advogada de Lindemberg ameaçou "Eu vou abandonar o júri. Eu vou embora”, disse elevando o tom de voz.
A acusação acabou aceitando a dispensa de Ana Cristina. O Ministério Público, entretanto, não concordou com a dispensa de Everton Douglas, que estava sendo ouvido por volta das 11h50 como testemunha do juízo, segundo informou o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Antes, a mãe de Eloá havia saído da sala do Tribunal do Júri para conversar com jornalistas quando foi chamada pelos seguranças do Fórum de Santo André para retornar ao plenário. Ela acompanhou o depoimento de Everton, porque ele é menor de idade.
"Eu não ia testemunhar, mas a advogada dele me quis. Quando a promotora me chamou, ela se manifestou, deu piti, não quis mais que eu falasse".
Por volta das 12h30, a juíza Milena Dias suspendeu os trabalhos do Tribunal do Júri para o intervalo de almoço. A advogada de Lindemberg tentou sair do fórum para almoçar, mas voltou após um princípio de tumulto. Ela requisitou escolta, e saiu do fórum pela parte de trás do prédio, em um carro da Polícia Militar.
O irmão caçula de Eloá, Everton Douglas, disse em seu depoimento que Lindemberg ameaçava matar todos caso a polícia invadisse o apartamento onde o crime ocorreu. “O Lindemberg falou que se relassem na porta e tentassem entrar ele atirava em todo mundo”, disse o adolescente de 15 anos. O adolescente também definiu o réu como alguém agressivo. Everton foi quem apresentou Eloá ao réu. “Infelizmente apresentei Lindemberg a Eloá”, disse.
Durante seu depoimento, houve um momento de tensão quando a advogada de Lindemberg perguntou porque ele afirmava que havia perdido seu pai. "Você não sabe?! Você não vê TV? É porque ele está preso”, respondeu Everton.
‘Monstro’
No início deste segundo dia de julgamento do caso Eloá, o irmão da vítima Ronickson Pimentel dos Santos definiu Lindemberg Alves como "louco", "vingativo" e "extremamente agressivo". Nas palavras de Ronickson, o réu é um "monstro". Ronickson foi o primeiro a ser interrogado nesta manhã, segundo dia de julgamento.
Os trabalhos do Tribunal do Júri foram retomados por volta das 9h30. Lindemberg passou a noite desta segunda-feira (13) no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. "Ele é um monstro, um louco, agressivo", reforçou Ronickson em seu depoimento. Após dizer isso, o irmão de Eloá encarou Lindemberg, que abaixou a cabeça.
G1
Ciência e Tecnologia - 29/11/2024