João Pessoa, 26 de março de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há décadas, desde a juventude, ouço que nossa Capital tem um grande potencial turístico. Falava-se que o tal turismo era bom , traria divisas para o Estado, geraria muitos empregos, e melhoraria a vida de todos. Viveríamos no paraíso, assim que o turismo chegasse, tão logo entrássemos nos roteiros dos turistas, nacionais e internacionais. Ou, no dizer de um querido amigo, assim que “enchesse de turista de fora” . Tanto insistiram, bateram e mexeram com isso, que eles vieram.
A ideia me parecia até simpática. Seria egoísmo querer as belezas e o bem viver da nossa cidade, só para nós. Os turistas seriam bem vindos, poderiam vir, desfrutar , passar uns dias, gerar os tais “empregos e rendas” , e, a parte mais importante, ir embora .
Mas, faltou combinar com eles essa última fase. De repente, a Capital das Acácias inflou. É gente de todo canto, do Brasil e do estrangeiro, arriando bagagem, montando casa, ocupando os espaços.
Não tenho os dados estatísticos do instituto encarregado do recenseamento , mas, os sinais são óbvios. Primeiro, o trânsito se tornou difícil. Não é só na famosa hora do rush. É o dia inteiro, uma dificuldade de locomoção e estacionamento que torna qualquer saída de casa um caso a se pensar. Vale a pena? Tem estacionamento?
Depois, a vertiginosa subida dos preços em geral. Da tapioca quentinha feita na hora , ao imóvel , ao supermercado, aos serviços, tudo disparou. Preço de turista. Paga quem pode. Tentar almoçar com a família, no domingo, em restaurante, também está difícil. Há filas a serem enfrentadas, as vezes com previsão de até uma hora de espera. Recuso-me, terminantemente. Era só o que faltava.
Fato é que estamos perdendo o nosso ar de cidade aconchegante, justamente, nosso maior charme, nosso maior atrativo. O processo é irreversível, não adianta sonhar com o passado. Resta-nos exercitar a resiliência, e, aproveitar o restinho.
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OPINIÃO - 22/11/2024