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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Nem todos são “bão”, Sebastião

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publicado em 30/03/2024 ás 07h02
atualizado em 30/03/2024 ás 09h26

Às vezes penso que já morri, principalmente quando vejo uma pessoa mal educada. Vejo e ouço a voz do outro lado da cozinha, de quem não aprendeu nada com os pais, mas o mundo é bão, Sebastião.

O vento só não levou o elo que nos liga ao filme de Victor Fleming, de 1940. Talvez. Eu prefiro ficar na última cadeira, sem alguma lembrança, só  focado na beleza, beleza, beleza de Vivien Leigh, a fumante inveterada.

Na chuva as máscaras dão as caras, se delatam, acusam, chibam, culpam, incriminam, – dos pardos aos amarelos empombados, os branquelos e os azuis também.

Atirem pedras em quem faz o mal  –  “ocioso e cego pensamento” – #Camões

No Mirante do Cabo Branco, ouvi  duas mulheres cochichando. “Mulher, tú é muito má. Trata mal as pessoas – trata mal, muito esnobe. Tu só não trata mal os ricos!” “Mulher quem coxixa o rabo espicha” “Mulher, tu num vale nada”

 Eu vejo tudo, os dentes, os tártaros do cão, a encenação entre os intervalos mais longos, vejo o jarro de leite na janela, na jarra sem nada.

Ainda lembro da menina Kim correndo nua e seus irmãos fugindo da bomba, o  símbolo mais cruel da guerra do Vietnã. Odeio você!

Matraka

“Mulher tu fala tanto, tanto, que precisa tomar eletrochoque.  “Faz silencio, cala  essa a boca, não grita,  somos todos desumanos, não grite”. “Mulher, tú adora criticar”

O teu, o meu ato hipócrita, entra por um ouvido e sai pela porta dos fundos.

Os faróis, os seus faróis ferozes, já não indicam destinos.

Vidas reviradas pelo tudo que fazemos, o preço caro a pagar; as coisas à sua semelhança, pelo nariz, pela raiz da tua boca “boca, tua boca, boca, tua boca, cala minha boca”   #Caetano

M-a-n-t-r-a

Meu irmão dizia: “meu irmão, meu irmão, meu irmão”. Ele estava certo.

++++++

No que resta dessas cenas medíocres, na luz opaca do seu show, minha última gargalhada, porque o mundo é bão, Sebastião…

Lorota – “Mulher, não minta. Depois perca-se, peça desculpa a indignação de todos; aquela fantasia toda, que só mete medo em quem estremece,  vara verde, diante da tua presença ubíqua.

Poxa! Eu não sei mais escrever.

Olha, não conta pra ninguém, mas na verdade eu sou o Homem-Aranha. (Shhh!)

O mundo é bão, Sebastião, –   esse belo refrão da canção que Nando Reis fez para o filho Sebastião, quando ele nasceu, já valeu  meu texto, mas nem todos São (bão) Sebastião, nem todos sã.

Afinal, quem são esses todos? Provavelmente nada.

Kapetadas

1 –  A melhor chef do mundo ser de um país subnutrido chega a ser irônico, né?

2 –  Ilustração – (Foto: do K com 80 anos.  Imagem criada a partir de inteligência artificial/Dall-E)

3 – Deu pra ti / Baixo astral / Vou pra Budapeste / Tchau!

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