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Kubitschek Pinheiro
Corre sangue sertanejo em suas veias abertas para o mundo, no próximo dia 12 junho, o jornalista Clóvis Roberto vai fazer 54 anos, um rapaz ainda. Veio ao mundo na Maternidade do 1º Grupamento de Engenharia, que à época atendia o público em geral. É o mais velho de quatro filhos (são mais três irmãs) do guarabirense Robério Moura de Almeida e Bernadete Lopes de Almeida, sertaneja de Princesa Isabel.
Cresceu na capital e foi logo foi o tal com também foi toda em João Pessoa, com orgulho de ter estudado no Liceu Paraibano. Formado em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com especialização em Gestão de Mídias Sociais. Tai, um jornalista a altura de si mesmo.
CR é bacana, sensível, atual. Sua primeira experiência profissional foi no Jornal Moçada Que Agita, de Anchieta Maia. De lá, foi um pulo para extinto Jornal O Norte, dos Diários Associados, onde foi repórter, chefe de reportagem, editor de página. Lá também editou o antigo portal O Norte Online. Também trabalhou e mostrou raça nas redações da Revista A Semana e dos jornais A União e Correio da Paraíba e da TV Correio.
Ao Espaço K, Clóvis conta do susto que o coração lhe deu pós-carnaval, diz que acredita em Deus e está de novo amor, com Rachel Bellindo: ‘que me faz feliz com sua parceria, companhia, sorriso, amor.”.
Espaço K – E aí Clóvis, como vai o coração?
Clóvis Roberto – O coração deu um susto grande no pós-Carnaval com um infarto. Mas, agora, está em recuperação e tem uma molinha para ajudá-lo a pulsar. Eu já era uma pessoa menos rim (risos) Melhor explicando, com menos um rim, por ter retirado o direito há dois anos e meio por causa de um tumor descoberto durante um exame de rotina. Graças a Deus, deu tudo certo. Fica a dica: façam exames preventivos. Profissionalmente falando, o coração do jornalista está aberto a novos desafios.
Espaço K – Nunca mais você deu as caras nas redes sociais, cansa né?
Eu reduzi um pouco, mas não sumi completamente. Ainda posto fotos, especialmente nos “stories” do Instagram do Facebook.
Espaço K – De vem veio o Roberto do Clóvis?
Clóvis Roberto – O Roberto foi ideia do meu pai na hora de fazer o meu registro de nascimento. O Clóvis é uma homenagem ao meu avô paterno. Na universidade comecei a assinar as reportagens no Questão de Ordem (Jornal experimental do curso) com os dois nomes próprios Clóvis Roberto, sem os nomes de família, o Lopes de Almeida. Quando cheguei ao jornal O Norte quis manter a assinatura e fugi um pouco da regra de se usar um nome de família.
Espaço K – Você é um excelente jornalista e já passou por várias redações, O Norte. Correio e A União – vamos falar dessas escolas que muito nos ensinaram e continuam ensinando novos jornalistas, no caso de A União?
Clóvis Roberto – Todas as redações por onde passei me trouxeram excelentes experiências, muito aprendizado. O crescimento profissional ocorre, inclusive, nos momentos estressantes, porque nem tudo na vida são flores. Também guardo comigo no coração até hoje várias amizades como a amiga Nara Valusca, a comadre amiga Carla Visani, o talentoso fotográfico Marcus Antonius e tantos outros que guardo no coração. A minha história com A União já possui quatro capítulos. O primeiro deles ainda quando estudante na produção do trabalho final do curso de Jornalismo e mais três passagens como profissional em momentos diferentes da carreira, onde atuei de repórter a editor geral adjunto. A União é uma escola de jornalismo na prática, é uma casa formadora de excelentes profissionais e na lapidação de muitos talentos. Fico feliz de ter participado e contribuído um pouco com alguns desses nomes, assim como me beneficiei com os ensinamentos obtidos com vários destes profissionais. Também tenho um enorme carinho por O Norte e pelo Correio da Paraíba. E deu para guardar boas experiências ainda nas curtas passagens tirando férias de colegas no extinto Jornal da Paraíba.
Espaço K – Você queria ser jornalista mesmo, estudou, tem no diploma emoldurado?
Clóvis Roberto – Sim. Ainda no Ensino Médio, antes de escolher uma profissão, eu olhava com carinho para o jornalismo. Se bem que o primeiro vestibular fiz para Administração e não passei. Acho que foi providencial. O caminho era mesmo o Jornalismo. Adorei os quatro anos do curso no antigo Departamento de Comunicação (Decom) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mesmo com todos os problemas do ensino público. Lá, inclusive, tive o prazer de estudar com o seu irmão, o professor William Pinheiro. Guardo muitos amigos do período universitário e um grande aprendizado, tanto dentro quanto fora das salas de aula. O meu diploma não está emoldurado, está guardado, mas tenho muito carinho por ele.
Espaço K – Uma coisa que também brota em Clóvis, é a crônica. Vamos sobre essa coisa de desenhar imagens com palavras?
Clóvis Roberto – A crônica veio com o exercício do escrever. Acho uma grande viagem poder fazer justamente isso que você disse: “Desenhar imagens com palavras”. Adoro passear e revisitar mentalmente lugares e tempos já passados e reconstruir cenários registrados na minha mente. É como uma brincadeira feliz com as palavras, as imagens, as sensações, os sentimentos. Comecei a escrever textos no estilo de crônicas após vários anos de jornalismo, já no Correio da Paraíba. Com a morte do professor Carlos Romero, pedi a amiga Sony Lacerda, à época diretora de Jornalismo, para usar o espaço uma vez. Ela deu o ok e disse que eu ficasse escrevendo. Fui tomando gosto, exercitando, aprendendo. O filho do professor Carlos, O Germano Romero, arquiteto e cronista, até brincava comigo por conta da coincidência das iniciais do meu nome com o do seu pai, pois ambos são CR. Com o fechamento do Correio, Germano revitalizou o blog Ambiente de Leitura Carlos Romero criado por seu pai e me convidou para continuar escrevendo e contribuindo com o espaço. Para mim, é uma grande honra poder participar do projeto que tem grandes nomes das letras e do jornalismo paraibanos, como, por exemplo, o mestre Gonzaga Rodrigues. Sou grato a Germano pela confiança. Aí, em A União, também acabei ocupando um espaço semanal na página de Opinião. Quem sabe um dia sai um livro.
Espaço K – Do primeiro casamento você é pai de uma menina – como ela está, já é universitária, né?
Clóvis Roberto -Sou um pai superfeliz de Laísa Maria. A “menina” completa 20 anos de idade agora em maio. Ela preenche um espaço enorme no meu coração, um presente que a vida me deu, um amor especial. Sim, ela é uma estudante universitária que escolheu o Curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Relações Internacionais da UFPB.
Espaço K – Agora você está casado de novo, mas não é fácil esse tal do casamento, né? Tem tanta renuncia, cobrança…
Clóvis Roberto – A relação a dois tem tudo isso que você citou, mas também tem o lado bom. A vida é assim. O meu coração tem um amor que se chama Rachel Bellindo e que me faz feliz com sua parceria, companhia, sorriso, amor.
Espaço K – Não sei se você acompanha o Projeto K – mas é uma tristeza ver o centro da cidade em ruínas, não é?
Clóvis Roberto – Sim, acompanho e considero uma contribuição importante ao jogar luz sobre a situação do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. É uma forma de olhar a cidade, de fazer um alerta sobre a riqueza dos prédios que integram a história local e que precisam ser preservados. É triste ver prédios históricos em ruínas, mas o Projeto K, repito, contribui mostrando a situação dessas edificações. Cabe a cidade como um todo agir para impedir que essa riqueza desapareça. E quando digo que a cidade precisa cuidar desse patrimônio eu incluo todos, além dos poderes públicos como a Prefeitura de João Pessoa. Cidadãos comuns, empresariado e entidades sem fins lucrativos devem participar. É preciso agir. O exemplo de que é possível revitalizar e transformar aquela região, são vários. As áreas do Recife Antigo, do Pelourinho em Salvador, do Porto Maravilha no Rio de Janeiro e do porto de Barcelona na Espanha, são exemplos de que é possível. Eram regiões podres, em ruínas, que foram transformadas e hoje são grandes atrativos turísticos. A própria João Pessoa tem trechos como a Praça Antenor Navarro, o Hotel Globo, que foram revitalizados e passaram a receber turistas. Além do apelo histórico, que já é gigante, há o econômico, porque são atrações turísticas que geram emprego e renda para a população local. O Centro Histórico é uma mina de ouro que João Pessoa precisa redescobrir.
Espaço K – Acredita num Deus todo Poderoso criador do céu e da terra?
Clóvis Roberto – Sou um católico que acredita em Deus e em todas as forças boas da natureza, sejam de qualquer denominação religiosa ou mesmo fora delas. O Deus em que acredito é bom, tolerante, inclusivo, acolhedor. Reconheço Deus no islamismo, no judaismo, nas religiões afro como a umbanda e o candoblé através de suas representações. Deus está dentro de nós quando praticamos o bem, assim Ele está ausente quando fazemos o mal. Não creio em um Deus castigador, manipulador, carrasco, punitivo, que só pensa no mal. Esse “Deus” cruel serviu e ainda serve para que uns poucos dominem muitos, como um rebanho de gado. Desconfio da sinceridade daquelas pessoas que dizem servir a Deus, mas que agem para excluir ou atacar outras pessoas por elas pensarem ou serem diferentes. Portanto, podemos encontrar Deus num presídio e sentir a sua falta até dentro de uma igreja. Para encontrarmos Deus, precisamos olhar atentamente a luz que emana de cada indivíduo, independente de sua religião ou mesmo se é ateu ou agnóstico.
Espaço K – O que você diria uma pessoa que vai estudar jornalismo nos tempos de hoje?
Clóvis Roberto – Que continue estudando, aprendendo sempre. Isso eu diria para um estudante de qualquer área, todos somos aprendizes da vida. No caso específico do aluno de Jornalismo eu diria que se informe, leia muito, observe, escute, exercite a escrita e a autocrítica, adquira conhecimento de todas as formas… Curta especialmente a oportunidade da praticar a reportagem. Seja humilde para aprender e entender que o aprendizado nunca termina. O Jornalismo é um aprender constante, seja com as fontes das matérias, com o povo, com as situações, com as gerações mais velhas, as mais jovens e com os colegas da nossa própria geração.
OPINIÃO - 22/11/2024