João Pessoa, 04 de abril de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sempre que um livro de poemas é lançado me vem a reflexão de que nem tudo está perdido. Sim, a poesia existe e resiste e se faz poemas pelas mãos dos poetas que acreditam no sublime, no afável e também na inquietude.
Tudo isso podemos encontrar no livro “Momentos poéticos” de Ricardo Freitas (edição do autor, 2023), que além de poeta é magistrado de destaque com jurisdição na comarca da capital paraibana. O livro recebeu prefácio do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, integrante do Tribunal de Justiça da Paraíba e imortal da Academia Paraibana de Letras, que com bastante propriedade asseverou: “A coletânea poética de Ricardo foge do modismo superficial, posto que ele escreve com a alma, de modo vertical, com conteúdo de abertura universal, de quem tem um seguro horizonte intelectual, onde edificou as suas próprias raízes”.
O livro contém ilustrações do arquiteto e artista plástico Antônio Cláudio Massa, que conseguiu num misto de sensibilidade e virtuosismo, retratar com traços firmes, a essência da poesia de Ricardo Freitas, a exemplo do poema “Tormento” onde o poeta vaticina “Noite escura recai, sob olhares moribundos./Dos meus olhos eu velho a escuridão!/Desse mundo observo outros mundos/Que não para de girar na imensidão”.
A infância, fonte inesgotável onde muitos poetas buscam inspiração, não ficou de fora do olhar sensível do nosso bardo, que no poema “Histórico” faz emergir as reminiscências, registrando “Como posso esquecer as minhas paixões,/Num povoado, no alto da Serra,/Lembranças de guerra e paz…/.
Vale ressaltar a estrutura sonora dos poemas de Ricardo, o “substrato fônico”, no dizer de Roman Ingarden, que traz ritmo e beleza a esse livro de um poeta-magistrado, que no turbilhão das lides forenses, não se deixa abater pela rispidez da linguagem técnica e mantém vibrante e produtiva a veia poética, como se constata nesse livro de estreia, que recomendo a leitura
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TURISMO - 19/12/2024