João Pessoa, 06 de abril de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Natureza morta

Comentários: 0
publicado em 06/04/2024 ás 07h00
atualizado em 06/04/2024 ás 08h34

O Bosque dos Sonhos não existe mais. Faz tempo. Muito tempo. Era um lugar lindo, ali na ponta do Cabo Branco. Um prefeito idiota desapropriou  o blosque e fez o Estação Ciência. Tanto lugar pra fazer a obra de Niemayer –  hoje, aparece desaparecida.

O Bosque era o sonho de Paulo Miranda – lembro dele, quando fez cem anos, teve uma festa e me chamaram. Cem anos não é pra qualquer um.

Vi a notícia da morte do homem mais velho do mundo, um venezuelano, agricultor Juan Vicente Pérez Mora. Não é pra qualquer um. Também deve ser tão engraçado, tanto tempo assim. Tudo doí. Que idade deve ter a mulher mais velha do mundo?

O Bosque dos Sonhos invertido, onde as árvores não digerem mais nada, aqueles que delas (de)pendem, talvez, o homem, mas o homem é mau.

Já perdemos tantas coisas bonitas nesta cidade, árvores cortadas, derrubadas escancaradamente.

As matas,  seus galhos e folhas assobiam vento, cenas que não serão vistas pelas futuras gerações.

As árvores, suas carnes, seus órgãos expostos e o sopro da vida, de todos os  lados. O homem é mau.

O Bosque dos Sonhos veio à tona, pela beleza estupenda de  Inhotim em Minas, o Jardim Botânico do Rio, o Central Park de New York, Ibirapuera de São Paulo, o açude velho de Campina Grande.

Um bosque com esse sonho já era uma forma contida de ama os pássaros, como se eles fossem partituras e as flores, legendadas em nossas camisetas.

Já não sei mais escrever

Quero escrever textos curtos, cada vez mais curtos.

A vida dando tanto trabalho a mim ainda e a vida ignorando nossos sonhos. O homem é mau.

Passados os dias, os anos,  as ninharias e  não tem um sonho para nos entreter. Talvez algas, anáguas e combinação, na beleza do mar daqui.

Logo mais é domingo e essas lembranças ainda nos arrancam os olhos.

Kapetadas

1 – Ta faltando água aí? Li que água é que diminui a lavagem cerebral.

2 – A reação mais forte sobre filosofia barata, não é barata, elas não filosofam.

3 – Ulustração – Enciclopédia Itau Cultural

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB