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É preocupante o avanço do crime organizado em todo o mundo, especialmente o poderio da vertente criminosa alicerçada no tráfico de drogas.
A omissão das autoridades públicas é gritante. A maioria dos países não possui políticas educativas efetivas relativas ao uso indevido de drogas e o montante investido na repressão à criminalidade, apesar de significativo, também deixa muito a desejar. No geral, a área da segurança pública não tem sido tratada pelos gestores públicos com a atenção devida e, em relação à educação voltada para desestimular a violência, tal carência é ainda maior ou, poderíamos dizer, inexistente.
Recentemente foi divulgado pela imprensa dos EUA um relatório elaborado pelo Rand Corporatio, um dos órgãos de maior credibilidade em estudos estatísticos sobre políticas sobre drogas na América do Norte. Tal documento afirma que, do montante financeiro que os americanos investem no combate às drogas, 92% direcionam-se à repressão ao tráfico, e apenas 8% é destinado às ações educativas de prevenção ao uso indevido destas substâncias e ou para o tratamento de dependentes químicos.
Os estudos estatísticos em geral são unânimes em afirmar que os E.U.A são os maiores consumidores de drogas lícitas e ilícitas de todo o mundo, ficando o Brasil em segundo lugar.
Não dá para negar que esse país é um dos que mais investem em segurança pública e, consequentemente, no combate ao tráfico ilícito de drogas. Contudo, é necessário afirmar que, tão importante quanto investir na repressão ao tráfico é o investimento nas políticas educativas que visem desestimular o consumo destas substâncias. Como se vê, há uma disparidade muito grande entre o percentual financeiro direcionado à repressão e aquele que vai para a prevenção e o tratamento de usuários e dependentes, como já citado.
No Brasil, tal realidade não é diferente. Mesmo sem ter estes dados registrados, não há dúvidas que o montante dedicado às políticas educativas sobre drogas, tanto para a prevenção ao uso indevido destas, quanto para o tratamento dos drogadictos é infinitamente menor que aquele disponibilizado para a repressão ao tráfico. Não se defende a diminuição do percentual financeiro investido no combate ao tráfico, muito pelo contrário, é preciso ser até mesmo incrementado, mas que o mesmo seja feito em relação às vertentes da prevenção e do tratamento dos dependentes químicos.
As autoridades da segurança pública em todo o mundo têm afirmado que o tráfico ilícito de drogas é o principal braço financeiro das organizações criminosas, e é notório que a repressão estatal a este problema não tem surtido o efeito desejado pela sociedade, pois, o volume de drogas ilícitas em circulação cresce a cada dia, e nesta mesma direção os ganhos financeiros dos traficantes.
É necessário admitir que, só existe traficante porque existe o consumidor. Assim como, só existe o ladrão porque existe o receptador, ou seja, alguém que compra o produto do roubo.
Assim sendo, acredita-se que a estratégia mais eficaz para minimizar o problema do uso indevido de drogas e consequentemente diminuir os lucros dos traficantes é a implantação de campanhas educativas sobre estas substâncias e seus possíveis efeitos e consequências, feitas nas escolas e nos diversos meios de comunicação, desde os primeiros anos de vida da criança até a vida adulta. Ações informativas estas, cujo conteúdo leve em consideração as realidades diversas, como a faixa etária e o nível sócio cultural da comunidade alvo.
Atualmente vive-se numa sociedade que estimula o consumismo exagerado e indevido de tudo, desde alimentos não saudáveis e remédios não prescritos legalmente, até mesmo drogas lícitas e ilícitas. Precisa-se de ações educativas, efetivas e contínuas que desestimulem tal consumo desenfreado e nocivo.
É rotineiro no Brasil, os telejornais divulgarem a interminável escalada de assassinatos, especialmente de jovens ainda em idade escolar, quase todos, segundo a polícia, envolvidos com o consumo e ou tráfico de drogas ilícitas, outros ilícitos graves e até mesmo gangs.
Infelizmente esta violência do tráfico também chegou às escolas. Este local que deveria ser apenas de educação, socialização e boa convivência social, também passou a conviver com as brigas constantes entre os alunos e também com as agressões e violências contra os educadores escolares. Nos últimos meses, com preocupação e certa desesperança, viu-se nos telejornais nacionais, títulos e manchetes de notícias como: “Traficantes fecham escolas”; “professores ameaçam fechar escolas por causa da violência”; “traficantes ampliam poder, espalham terror e paralisam aulas nas principais escolas”; “desfile das escolas na data da independência é cancelado por medo de tiroteio” etc.
Assim, é com tristeza e preocupação que se vê tudo isto acontecer sob os olhares muitas vezes omissos da maioria das autoridades governamentais em todos os níveis da administração pública brasileira. É claro que este problema não é da responsabilidade exclusiva do poder público, pois os demais segmentos da sociedade civil organizada, também são corresponsáveis. Contudo, os gestores públicos são os principais responsáveis por esta causa e, com isto, precisam urgentemente agir no sentido de tentar sensibilizar e mobilizar a sociedade como um todo na busca de um mundo mais humano e, consequentemente, menos violento. E a escola, se apoiada e bem preparada, poderá dar uma grande colaboração nesta empreitada educativa preventiva. Mas o apoio governamental e a parceria da sociedade civil organizada, inclusive da imprensa, é indispensável.
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TURISMO - 19/12/2024