João Pessoa, 11 de abril de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Casados há mais de vinte anos, Claudionor e Margarete formavam o que se cogita ser o casal perfeito. Filhos sadios e bem encaminhados; empregos fixos no serviço público com aposentadoria garantida. Brigas? Sim, algumas pinimbas eventuais que logo eram pacificadas. Vida social moderada. Tudo dentro da possível normalidade. E o sexo? Normal, costumava responder Margarete, mas Claudionor retorquia: há controvérsias.
Ele, macho dotado de alto teor de testosterona – conforme sentenciava – punha o sexo como a viga mestra do casamento. Já ela acreditava que o conúbio carnal seria apropriado em doses homeopáticas, em momentos especiais, com ritualística erotizante e coisas do gênero. Fazer sexo todos os dias não elava o casamento, defendia a cônjuge quando, impaciente, era procurada pelo marido. Este, resignado, buscava conciliar o sono enquanto o falo não caia em lassidão.
Todas as minhas amigas dizem que sexo não é tudo no casamento, costumava repetir para o marido. Ele, não deixando por menos, respondia: há controvérsias.
Como naqueles filmes tipo B, Claudionor viajou e ficaria ausente por uns três dias. Como no clichê, precisou retornar no dia seguinte, final da tarde. Adentrou a casa, utilizando a cópia da chave, e foi direto ao quarto do casal.
A cena com a qual deparou-se não foi a que esperava: Margarete na cama com seu melhor amigo Léo, também conhecido por Power Guido que, tomado pelo susto, ainda conseguiu balbuciar aquela desculpa recorrente para essas ocasiões: calma, eu posso explicar…, a esposa flagrada em adultério, cobriu repentinamente a nudez e ainda teve ímpeto de dizer: Clau, querido, você sabe, no nosso casamento há controvérsias!
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