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Nova estratégia do PT nacional derruba de vez argumento de Cartaxo em JP

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publicado em 09/02/2012 ás 17h13

Apesar da recomendação do Partido dos Trabalhadores para que a legenda tenha candidatos próprios nas grandes cidades do país, algumas concessões estão em processo de diálogo e a onda do ‘abre mão da candidatura’ pode chegar em João Pessoa e frustrar os planos do deputado estadual Luciano Cartaxo (PT), que pretende disputar a prefeitura de Capital.

Cartaxo enfrenta resistência dos petistas que querem apoiar a candidatura do PSB, repetindo a aliança de 2008. Comandados pelo deputado federal Luiz Couto, membro da direção nacional do PT, os petistas realizam nesta sexta-feira (9) um evento de apoio a candidatura de Estelizabel Bezerra (PSB).

A expectativa é que o PT de João Pessoa leve a decisão sobre candidatura própria ou não até a última estância e decisão final sobre apoio ao PSB ou candidatura própria só deve ser definida através do voto dos filiados.

Os aliados do PSB em João Pessoa alegam que os socialistas são aliados do governo de Dilma Rousseff e que a aliança na Capital já foi vitoriosa. Eles ainda pretendem indicar o vice na coligação encabeçada pelo PSB.

Reflexo do que acontece em outras cidades do Brasil, a candidatura do PT em João Pessoa pode deixar de ser exigência ou pretensão para se tornar em estratégia para as alianças de 2014.

Os motivos para a concessão no resto do país são os mais variados: desde a tendência ao governismo (como em Teresina), passando pela prioridade à eleição em 2014 para governador (Curitiba), pelo cuidado para não abalar a aliança com o PMDB (Rio de Janeiro) até a falta de musculatura do partido na região (Manaus).

Secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi afirma que pelo menos nos dois primeiros casos a legenda tem condições de lançar nome competitivo, mas está pendendo para a aliança.

Em Teresina, há a deputada estadual Rejane Dias, mulher do senador e ex-governador Wellington Dias, mas a maioria do partido, que tem cargos na prefeitura, prefere apoiar a reeleição de Elmano Férrer (PTB).

Em Curitiba, a situação chama mais atenção, pois o beneficiado em questão é o ex-tucano e ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT), que foi um dos algozes do PT no Congresso durante o escândalo do mensalão, em 2005. O apoio não agrada parte da direção nacional, mas a legenda no Estado é controlada por dois ministros fortes do governo Dilma Rousseff: o casal Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações). O PT paranaense tem como opções os deputados federais Angelo Vanhoni e Dr. Rosinha para concorrer à prefeitura de Curitiba. Porém, está preferindo ceder em troca de apoio à candidatura de Gleisi ao governo estadual, em 2014. Se confirmado, será a primeira vez, em oito eleições municipais desde 1985, que os petistas não disputarão a capital com nome próprio.

O mesmo ineditismo ocorre no Rio de Janeiro. Neste caso, há uma situação inversa. A seção regional do partido debate intensamente romper o pacto, ao reclamar da falta de reciprocidade em cidades do interior, mas a direção nacional é que faz questão da aliança, pois um conflito poderia comprometer a relação do PMDB com o governo Dilma.

O cenário de muitas alianças nas quais não estará na cabeça de chapa tem um efeito imediato: o PT dará prioridade absoluta para as vitórias em São Paulo e Porto Alegre, únicas capitais de peso das regiões Sudeste e Sul onde a legenda tende a concorrer.

Os petistas jogarão toda sua força para eleger o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, em São Paulo. Capital mais cobiçada por ser a maior cidade do país, a prefeitura paulistana receberá atenção máxima porque também é estratégico para o PT conquistar ao menos uma capital na região Sudeste.

É grande a probabilidade de o partido não ter candidatos no Rio e em Belo Horizonte, onde faz parte do governo de Márcio Lacerda (PSB), que tenta a reeleição. Em Vitória, a ex-ministra Iriny Lopes saiu da Secretaria de Políticas para as Mulheres, mas pode perder sustentação e ter sua candidatura “cristianizada”, caso o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) dispute. O prefeito João Coser (PT), embora tenha dito que seguirá o partido, já deu declarações favoráveis a Hartung, seu aliado.

No Sul, além do apoio a Fruet, em Curitiba, o partido tende a sustentar a candidatura da deputada estadual Angela Albino (PCdoB) em Florianópolis – nas sete eleições na capital, desde 1985, o PT só se coligou em 1992, única vez em que se saiu vitorioso.

Com isso, Porto Alegre concentrará as forças do partido na região. O escolhido para concorrer na capital gaúcha é o deputado estadual Adão Villaverde.

Em Manaus, o principal motivo para abdicar de candidatura própria é a pouca força do partido no Estado. Isso tem levado o apoio a nomes mais competitivos. Embora haja pré-candidatos da sigla, como o deputado federal Francisco Praciano, o PT divide-se entre uma coligação com o senador Eduardo Braga (PMDB), com o prefeito Amazonino Mendes (PDT) – com ambos, caso Braga apoie Amazonino – ou ainda com um nome do governador, já que petistas fazem parte da administração de Omar Aziz (PSD).

Semelhante situação de dependência ocorre em Estados onde o PT tem o papel de coadjuvante, como a Paraíba.

”Se você tem duas ou três secretarias [no governo], é muito difícil dizer: ‘Quero ter candidato’. A resposta vai ser: ‘Então teria que ter saído antes…’”, diz Paulo Frateschi.

O secretário nacional de organização do PT afirma que a largada para a eleição deste ano foi marcada por declarações de partidos da base – como PSB, PMDB e PCdoB – nas quais eles anunciaram a intenção de lançar o máximo de candidatos. Foi um recado ou pedido, considera Frateschi, como se dissessem para o PT “pegar leve”.

O aviso teria dado resultado e se reflete na maior flexibilidade do partido em se ceder na composição das alianças. Ajuda a não haver tanta pressão das siglas aliadas sobre a direção nacional para que haja trocas, embora a previsão é que esses pedidos de mudança tendam a ocorrer.

”Queremos continuar a aliança, mas não podemos nos enfraquecer. Nesta eleição, ele [o aliado] não está em condições de me cobrar muito”, diz Frateschi, referindo-se à baixa probabilidade de um atrito nas capitais abalar a relação entre o governo federal e as legendas que lhe dão sustentação.

”É mais fácil o Dnocs mexer [na relação com a base] do que [a candidatura] do Chalita em São Paulo. O PMDB foi o primeiro a lançar, tem direito”, diz Frateschi.

No fim de janeiro, a exoneração do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), Elias Fernandes Neto, causou reação exacerbada de seu padrinho, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Já o deputado federal Gabriel Chalita deve ser o candidato dos pemedebistas na capital paulista, apesar da sondagem do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele desista em favor de uma coligação na chapa de Fernando Haddad.

O PT evita divulgar a meta de quantos prefeitos pretende eleger em outubro. Em 2008, foram 560, um aumento de 200% em relação aos 187 conquistados em 2000. A legenda tem crescido nas cidades pequenas e médias, mas acompanha com maior atenção o grupo de 118 municípios com mais de 150 mil eleitores (à exceção de Palmas, com 140.245), considerados centros formadores de opinião, por terem emissoras de TV, campi universitários e serem origem de grandes lideranças.

Nestes municípios, Frateschi afirma que a situação (candidatura própria ou apoio) já está definida em 70. Em 24 haverá prévias ou encontro de delegados (mecanismo de decisão com colegiado menor, para evitar a prévia) e em outros 24 os diretórios realizarão os encontros de tática.

As capitais que estão com maior dificuldade em decidir são Belo Horizonte (onde o vice-prefeito do PT, Roberto Carvalho, rompeu e quer concorrer contra a reeleição de Márcio Lacerda), Recife (há um racha interno entre criador e criatura, o ex-prefeito João Paulo e o atual, João da Costa) e Fortaleza (que tem seis pré-candidatos e reflete a falta de um nome forte que fosse preparado em oito anos pela prefeita Luizianne Lins).

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Com Valor Econômico