João Pessoa, 30 de abril de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
(para Vítor e Francis)
Nem sei por onde começar…
Costumamos espiar a vida, os acesos, acenos, desde que nos entendemos por gente no claro-escuro e tudo nos parece alegria e adeus.
Perdemos nosso cachorro Bola, um perdigueiro bonito, que se incomodava com os fogos e o barulho das motos infernais – ele uivava alto, até que voltasse a ouvir o som das árvores.
Nada nos pertence.
Anos depois veio morar conosco a vira-lata Lili, (foto com ele) um cuidava do outro e ela o salvou diversas vezes.
A sagacidade, o mundo que nos rodeia, atravessa nossas vidas e já perdemos tantos cachorros, difícil é abrir a cova no oitão da casa e deixa-lo lá, onde germinam as flores.
Bolinha se desfez das ruas, ele adorava para além do jardim, com seus olhos atentos, mas nos últimos dias parecia que tudo o recuava e se desfez, até que nos tornamos vagos nessa tristeza de perder “o melhor amigo”
Frágeis somos nós nos dias de sol e dias apagados.
Chovia lá fora, qualquer perigo, e o latido de Bola acordaria até os mortos. Esse era o Bola!
Agora só as fotografias e o resto da frase que não sei defini-lo: um rapaz, um belo e encantador rapaz, tantas vezes agradecido com seu faro a rabiscar sua origem.
Toda vez que chegava em casa, ele ia checar, digo cheirar minhas pernas para saber que era eu mesmo. Pareço-me comigo, Bola?
Bolinha se transformou no brilho das últimas imagens.
O silêncio invadiu nossa casa, uma tristeza imensa, como se tivesse morrido um membro da família e sim, enterramos um braço, uma perna, o coração
do longevo Bola e todas as hipóteses de aprender a amar.
Hoje não tem kapetadas
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OPINIÃO - 22/11/2024