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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Bola já foi

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publicado em 30/04/2024 ás 07h00
atualizado em 30/04/2024 ás 08h28

(para Vítor e Francis) 

Nem sei por onde começar…

Costumamos espiar a vida, os acesos, acenos, desde que nos entendemos por gente no claro-escuro e tudo nos parece alegria e adeus.

Perdemos nosso cachorro Bola, um perdigueiro bonito, que se incomodava com os fogos e o barulho das motos infernais – ele uivava alto, até que voltasse a ouvir o som das árvores.

Nada nos pertence.

Anos depois veio morar conosco a vira-lata Lili, (foto com ele) um cuidava do outro e ela o salvou diversas vezes.

A sagacidade, o mundo que nos rodeia, atravessa nossas vidas e já perdemos tantos cachorros, difícil é abrir a cova no oitão da casa e deixa-lo lá, onde germinam as flores.

Bolinha se desfez das ruas, ele adorava para além do jardim, com seus olhos atentos, mas nos últimos dias parecia que tudo o recuava e se desfez, até que nos tornamos vagos nessa tristeza de perder “o melhor amigo”

Frágeis somos nós nos dias de sol e dias apagados.

Chovia lá fora, qualquer perigo, e o latido de Bola acordaria até os mortos. Esse era o Bola!

Agora só as fotografias e o resto da frase que não sei defini-lo: um rapaz, um belo e encantador rapaz, tantas vezes agradecido com seu faro a rabiscar sua origem.

Toda vez que chegava em casa, ele ia checar, digo cheirar minhas pernas para saber que era eu mesmo. Pareço-me comigo, Bola?

Bolinha se transformou no brilho das últimas imagens.

O silêncio invadiu nossa casa, uma tristeza imensa, como se tivesse morrido um membro da família e sim, enterramos um braço, uma perna, o coração

do longevo Bola e todas as hipóteses de aprender a amar.


Hoje não tem kapetadas

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