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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Os Pires caíram mas não quebraram

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publicado em 04/05/2024 ás 07h00
atualizado em 03/05/2024 ás 18h13

Segunda parte.

Meus pais prosperaram muito nos negócios e a fantástica visão empresarial de Adrião Pires enxergou o futuro do comercio na direção do parque Solon de Lucena (lagoa), saindo da até então soberana rua Maciel Pinheiro. Fez mais, imaginou um empreendimento que se pagasse. Em resumo, construiria uma loja com três andares, escadas rolantes, ar condicionado central e em cima da loja duas torres com 80 espaçosos apartamentos, todos em mármore e vidros ray-ban. No topo construiria 4 maravilhosas coberturas com piscinas. De tal modo foi planejado o empreendimento que uma vez vendidos os apartamentos, tanto a loja como as 4 coberturas estariam quitadas, tocando a eles uma dessas coberturas e as outras três divididas entre os filhos.

Eram tempos de constante crescimento na economia. Aqui na Paraíba a amizade do meu pai com o Governador João Agripino propiciou cenas incríveis. Era comum ver Dr. João chegar em nossa casa à noitinha e ficar conversando com meu pai, somente os dois no terraço da mansão que tinha uma vista espetacular da orla marítima. O Governador recebia ali alguns secretários para despachos e sempre tomava um ou dois uísques. A seu pedido nós hospedamos em nossa casa muita gente importante, desde dois Presidentes da República aos donos do poder no país. Uma hospede interessante foi a esposa do presidente de um desses bancos internacionais que emprestaram dinheiro para a construção da BR 230. Era uma americana engraçada, dormia o dia todo e à noite vagava pela casa e pelos jardins acompanhada pelo nosso faz tudo Zezinho, uma espécie de mordomo tropical. Ela na frente com uma vassoura para matar formigas e ele atrás com uma bandeja onde equilibrava uma garrafa de Bourbon, copo, balde de gelo e um sifão com água gaseificada. Vez por outra escutávamos o grito: “- Zizinho, Zizinho, ants”. E tome-lhe porrada nas inocentes formigas. A bem da verdade devo dizer que as bravas formigas brasileiras derrotaram aquele poderio americano, porque meses depois a gringa foi- se embora e as formigas continuaram ali, cada vez mais numerosas. Poderia continuar nessa pisada e contar centenas de histórias que ocorreram naquela mansão, desde o incrível habito matinal de Vinícius de Morais que passou uma semana conosco às festas que fizemos lá. Só para que vocês tenham uma pálida ideia da época, num fim de semana no qual meus pais viajaram e eu fiquei no comando da casa, hospedaram-se por lá a seleção feminina juvenil de vôlei do Ceará, Elza Soares que viera fazer um show no clube Cabo Branco e o comandante de um navio atracado em Cabedelo. Eu, Sérgio Q. e Luciano B. fizemos uma festa que durou dois dias à beira da piscina, com Elza cantando e as belas atletas cearenses dançando. Porém aqui só cabe a trajetória econômica da família Pires, e é isso que vocês terão.

               (continua na próxima semana)

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