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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Os Pires caíram mas não quebraram

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publicado em 11/05/2024 às 07h00
atualizado em 10/05/2024 às 15h53

Terceira parte.

Como já dito anteriormente meus pais dispunham de um capital enorme, o que lhes possibilitava a liderança inconteste do comercio no Estado da Paraíba. Por consequência tinham um crédito fantástico junto à rede bancária. À época a atividade econômica deles desenvolvia-se num imenso armazém composto de vários prédios ligados uns aos outros por portas e aberturas que iam sendo criadas à medida que progrediam os negócios. O resultado foi uma coisa meio filme de terror, ambientes escuros e altíssimas pilhas de mercadorias espalhadas sem qualquer identificação. Imagino hoje como era difícil achar uma determinada peça no meio daquelas cavernas. O que aparecia para o público que comprava a varejo eram três enormes salões: à esquerda a parte destinada à casa (louças, presentes, faqueiros, pratarias…) no centro material de limpeza, pilhas, armarinho e à direita a seção de brinquedos.

Tudo ia às mil maravilhas, até que….

IV

Como eu havia ido estudar no Rio de Janeiro aos 17 anos, não acompanhei a gestação da melhor ideia que meu pai teve no desenvolvimento dos negócios. Ele sacou que o comercio não poderia continuar na espremida rua Maciel Pinheiro, onde de dia as lojas enchiam-se de um intenso movimento e à noite os cabarés faziam a festa de toda João Pessoa. Meu amigo Silvino Espínola chegou à constatação que minha mãe, Creusa Pires, foi a única mulher a ganhar dinheiro em pé na Maciel Pinheiro.

O instinto de meu pai apontava para o futuro do comercio no parque Solon de Lucena, a lagoa. Acertou em cheio. Comprou uma enorme área e encomendou o projeto de um prédio com as características que já descrevi anteriormente.

Foi contratado um financiamento bancário para a construção e meus pais comprometeram-se a pagar o valor total em 24 meses, sendo que a construtora assumiu o compromisso de entregar todo o empreendimento pronto (incluindo-se aí a loja com as escadas rolantes, o ar condicionado central, os 80 apartamentos e as 4 coberturas) em meses. Ou seja, meu pai teria seis meses para vender os 80 apartamentos já prontos, quitar o empréstimo bancário e lucrar “apenas” a loja completamente equipada e as 4 coberturas. Coisa de gênio.

Só que isso não ocorreu.

(continua na próxima semana)

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