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Sílvia Machete lança “Invisible Woman” e canta com Maria Luíza, filha de Jobim

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publicado em 11/05/2024 às 11h31
atualizado em 11/05/2024 às 11h16

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – Gabriela Schmidt e João Wainer

Quedinha de Nélson Motta, declarado fã dela, Sílvia Machete, não é mulata, mas é a tal. Uma performer sensacional, excelente compositora em inglês e português. Com composições muito bem construídas, letras inteligentes, quase sempre divertidas e, claro, absurdas.

Invisible Woman (Biscoito Fino), é o segundo álbum da trilogia Rhonda. O disco que a artista vem destacando, é o projeto que teve início lá atrás, que marcou a estreia da artística – cantora e compositora. O trabalho já está nas plataformas digitais, bem como o clipe de “Room Service”. É demais.

Sílvia é carioca, veio dos circos, vários ciclos, performer da França e nos EUA. Morou em Nova Iorque, São Francisco e Paris. Fez shows em todos os principais festivais de street performer. Voltou a morar no Brasil e iniciou uma carreira de compositora, cantora e performer. Está com tudo.

Tem parceria com Erasmo Carlos, Hyldon, Rubinho Jacobina, Edu e Fabiano Krieger, Marcio Pomb, entre outros. Gravou quatro CD’s e dois DVD’s. Considerada como a principal referência na cena musical e teatral pela crítica brasileira, ganhou o prêmio de melhor show de 2010 pela APCA.

Ficou conhecida em Portugal, onde faz shows com frequência em Lisboa, Porto e Açores. Lançou músicas inéditas de compositores – o saudoso Moraes Moreira, Eduardo Dussek, Jorge Mautner no disco Souvenir, lançado em 2014, já previamente considerado o melhor produzido no Brasil em 2014

A moça conversou com o MaisPB e solta o verbo – Sílvia está com tudo, canta tudo e as canções acertam o alvo – ouvidos atentos. Ah, ela fecha o disco com uma canção para sua cadela Salomé. “Eu só falo desse assunto com quem tem cachorro, você tem cachorro? Foi a pior dor da minha vida. Uma convivência de 13 anos. Tanto que eu nem consigo ouvir “Salomé” quando escuto o disco: ele acaba para mim na música “Abracadabra”.

MaisPB – Que disco lindo, cheio de sentimentalidades -vamos começar por aqui?

Silvia Machete – Pois é, são sentimentos artísticos, né? Eu componho colocando uma lente de aumento nos meus sentimentos, para ficar tudo mais dramático. Sempre penso em cinema, em cenas de filme, em relações amorosas e, claro, em experiências próprias, coisas que eu vivi. Mas sempre com essa lente de aumento, com mais drama, mais ficção mesmo. É por aí.

MaisPB – A segunda faixa que é uma indagação – Whats your name?, nos remeteu para o som da Laurie Anderson – posso pensar assim?

Sílvia Machete – Eu amo a Laurie Anderson mas neste caso, a inspiração pra fazer Whats your name? não veio diretamente dela. Mas sim, eu sou muito fã, a Laurie Anderson é uma dessas artistas mulheres completamente à frente do seu tempo, então, eu vou levar isso como um elogio maravilhoso!

MaisPB – Todas as canções são suas de Alberto Continentino. Como veio esse encaixe?

Sílvia Machete – No caso das minhas canções com Alberto Continentino, nós somos colegas, ficamos amigos e dividimos uma coleção de inspirações musicais. Temos um gosto musical muito parecido, ele me ajuda a me expressar sabendo as melodias e o estilo que eu gosto de cantar, que é uma mistura de jazz, soul e folk. É um desafio cantar essas músicas, porque elas não são nem um pouco fáceis, mas como eu sou do desafio, gosto muito de cantá-las.

MaisPB – Fala ai do projeto Rhonda?

Sílvia Machete – O “Invisible Woman” é parte do projeto Rhonda, é o segundo disco desta trilogia. E Solvia Machete ainda é Rhonda nesta trilogia.

MaisPB – Fecha o disco numa homenagem justa e necessária a sua cadela Salomé. Me parece que os animais avançaram mais que os homens e mesmo assim o massacre e abandono se proliferam. Vamos falar sobre isso?

Sílvia Machete – A minha Salomezinha! E sim, os animais estão muito mais avançados! É difícil falar sobre isso: eu fico até com vergonha dessa minha dificuldade, porque eu acho que há muitas pessoas que ridicularizam a perda de um cachorro. Então eu só falo desse assunto com quem tem cachorro, você tem cachorro? Foi a pior dor da minha vida. Uma convivência de 13 anos. Tanto que eu nem consigo ouvir “Salomé” quando escuto o disco: ele acaba para mim na música “Abracadabra”.

MaisPB – Veio morar no Brasil? Pretende sair cantando e chegar até o Nordeste?

Sílvia Machete – Eu sempre quero fazer shows no nordeste, é só me convidarem que eu vou! Não tem um lugar que eu mais ame no mundo, provavelmente é o melhor clima que existe, eu adoraria aparecer por aí com o meu projeto!

MaisPB – Canta Two Kites de Antônio Carlos Jobim com a filha dele, Maria Luíza Jobim.? Ficou bom, dá vontade de cantar junto – como aconteceu – vozes e talentos?

Sílvia Machete – “Two Kites” é uma música linda do Tom Jobim, pai da Maria Luíza. A gente já se conhecia há muito tempo, mas de uns tempos pra cá começamos a trabalhar juntas. Eu dirigi o show dela, no ano passado, e aí a convidei pra cantar essa música em um show meu, em São Paulo. A música que já estava no meu show antes de entrar no disco. Então, ficamos colegas e viramos amigas durante todo esse processo.

MaisPB – A capa do disco é de Giovanna Cianelli, fala aí ?

Sílvia Machete – A Giovanna é minha parceira, minha amiga, e essa capa foi criada pelo Marcelo Jarosz, que é um diretor de arte aqui de São Paulo, um cara visionário. Ele dirigiu as fotos de divulgação e também dirigiu a Giovana na criação dessa arte gráfica Giovanna faz artes gráficas incríveis, eles trabalham com grandes nomes da MPB, e a gente se encontrou aqui em São Paulo. Trabalhamos juntos de uma forma bastante intensa a criatividade: essa capa é perfeita, porque tem essa vitrine da mulher que é uma vitrine. É um disco político, as pessoas talvez não enxerguem isso a olho nu, mas ele é totalmente político, dedicado às mulheres invisíveis, às mulheres esquecidas. Mesmo quando elas estão no centro do palco, continuam sendo invisíveis. Então, essa capa mostra retrata bem isso.

MaisPB – Diz aí quem é Sílvia Machete, para os leitores que não te conhecem aqui na Paraíba?

Sílvia Machete – Bom, eu tenho um trabalho teatral performático, sou compositora, comecei a minha carreira fazendo teatro de rua na Europa, que é uma espécie de teatro de revista com Vaudeville. Me formei na escola de Circo, minha carreira começou assim. Durante um espetáculo que eu escrevi junto com o meu ex-parceiro de cena e marido, Clark, escrevi uma parte para uma cantora e depois desse show continuei sendo cantora. Foi quando eu gravei o meu primeiro disco no Brasil.

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