João Pessoa, 03 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Foram identificados os policiais suspeitos de agredir uma mulher durante um show no Pelourinho, em Salvador, no dia 22 de janeiro. A cozinheira Almerinda Santos das Neves, de 34 anos, perdeu a visão de um olho depois de ser agredida por policiais militares que trabalhavam no local. O comando da PM informou nesta sexta-feira (3) que os homens foram reconhecidos pela numeração da escala de serviços e também pelo vídeo que mostra o momento da agressão.
Ainda de acordo com a PM, um inquérito policial foi aberto e os responsáveis vão responder a processo administrativo e judicial, com pena que pode variar de uma simples advertência até a expulsão da corporação. A identidade dos suspeitos não foi revelada.
Agressão – O caso ocorreu durante a apresentação do grupo afro Olodum no Centro Histórico de Salvador. Na ocasião, a cozinheira estava na plateia, quando um dos policiais militares que faziam a segurança no local desferiu golpes de bastão no meio do público e um deles atingiu Almerinda Neves, que foi socorrida por populares.
"Quando me olho no espelho, dói muito", diz baiana agredida por PM
Ela foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE) e depois transferida para o Hospital do Subúrbio, onde foi informada sobre a perda do globo ocular do olho esquerdo. A cozinheira contou que ainda está se acostumando a enxergar somente com um dos olhos. "Eu ainda fico em dificuldade, fico vendo embaçado, a claridade ainda incomoda. É muito doloroso", diz.
Almerinda conta também sobre a preocupação com o futuro seu e do seu filho de 12 anos. "Eu dependo do meu trabalho para sustentar o meu filho. Só o senhor meu Deus para dizer se poderei voltar a trabalhar ou não", afirma.
Segundo a Polícia Militar, 150 agentes trabalhavam no show e um inquérito foi aberto para investigar o caso. Após ser liberada do hospital, Almerinda foi à corregedoria da PM, na Pituba, para solicitar o reconhecimento do agressor. "Após confirmada a autoria do policial agressor, vamos entrar com uma ação cível de danos", explica José Santos Silva, advogado da cozinheira.
"Eu espero que ele pague pelo que fez. Eu sou uma pessoa que trabalho, sempre tive minha vida. Agora dependo de familiares. Então ele vai ter que pagar, até mesmo com indenização. Não sei como vai ficar minha vida daqui para frente. Eu estava muito feliz nesse dia, aí acabou minha felicidade em tristeza. Uma tristeza dolorosa. Quando me olho no espelho dói muito", conta.
G1
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