João Pessoa, 03 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A demanda de investidores estrangeiros por papéis emitidos pelas empresas brasileiras disparou. Do início do ano até agora, as emissões no exterior já somam mais de 12 bilhões de dólares, com demanda que ultrapassa os 55 bilhões de dólares- o que significa que há mais de 40 bilhões de dólares que ainda não foram alocados. No ano passado inteiro, as captações de empresas brasileiras no exterior somaram 38,6 bilhões de dólares.
Investidores europeus e americanos são os que mais têm procurado os papéis de empresas brasileiras, mas agentes da Ásia e da América do Sul também estão comprando papéis.
Segundo especialistas dos bancos de investimento e das companhias que captaram recursos, uma das razões para tamanho interesse é que os juros nos Estados Unidos e em alguns países da Europa estão muito baixos, com taxas reais negativas. Isso força a busca por ativos mais rentáveis. Além disso, as companhias do País têm bons fundamentos e estão crescendo.
Outro motivo é que o mercado de emissões de bônus ficou praticamente parado no segundo semestre de 2011, com o agravamento da crise da Europa. Com isso, os investidores estavam com recursos disponíveis e sem bons ativos para comprar.
O diretor financeiro da petroquímica Braskem, Alexandre Perazzo, avalia que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter a taxa de juros nos Estados Unidos em até 2% ao ano até 2014 abriu oportunidade para captar lá fora. "Notamos que o mercado está precisando de papéis corporativos", diz. A empresa decidiu reabrir uma emissão anterior e captou 250 milhões de dólares. A demanda total surpreendeu e chegou a 2,3 bilhões de dólares. O executivo destaca que houve procura até de investidores da América do Sul.
Petrobras – A maior procura dos estrangeiros foi nos papéis emitidos na quarta-feira pela Petrobras. A demanda chegou a 27 bilhões de dólares, um recorde para uma empresa da América Latina. Mas outras companhias também tiveram forte procura. O Banco do Brasil, que emitiu 1 bilhão de dólares, tinha reserva de 6 bilhões de dólares. No Itaú, que lançou 500 milhões de dólares, o apetite chegou a 4 bilhões de dólares.
"O mercado externo reabriu para o Brasil, especialmente para bons nomes", destaca Renato Ejnisman, diretor do banco Bradesco BBI. No começo de janeiro, o Bradesco percebeu que haveria espaço para captar lá fora e, ante o forte interesse, resolveu aumentar sua emissão, de 500 milhões de dólares para 750 milhões de dólares. A procura chegou a 2 bilhões de dólares. Com isso, a taxa paga aos investidores ficou no piso do proposto, em 4,5% ao ano.
Com a forte procura por papéis de empresas de primeira linha, com classificação de risco de grau de investimento, companhias sem essa nota perceberam que havia espaço para emissões. São as chamadas "high yield", que oferecem retorno maior para os investidores.
A empresa de alimentos JBS foi a primeira sem grau de investimento a ir a mercado, e fechou no final de janeiro uma captação de 700 milhões de dólares. A ideia inicial era lançar 400 milhões de dólares, mas, com demanda de 3,7 bilhões de dólares, a emissão foi aumentada. Para o JBS, isso foi "um claro sinal de confiança de mercado".
Operações – Várias empresas brasileiras estão atualmente no mercado externo buscando recursos. Segundo fontes, a Votorantim Cimentos conseguiu captar ontem 500 milhões de dólares. O grupo de açúcar e álcool Virgolino de Oliveira anunciou uma captação de 300 milhões de dólares. O frigorífico Minerva planeja lançar 300 milhões de dólares. O Grupo Farias, produtor de açúcar e etanol, está com uma emissão que também pode chegar a 300 milhões de dólares. Para especialistas, há espaço até para operações de menor porte, como a da Cimentos Tupi, que busca 50 milhões de dólares.
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