João Pessoa, 19 de maio de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A taxa de desemprego é um dos principais indicadores econômicos para avaliar a situação econômica de um país. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mensura e divulga mensalmente dados sobre o desemprego por estado, essenciais para entender as dinâmicas do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego é calculada como a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho total (empregados mais desempregados), expressa em porcentagem. Uma alta taxa de desemprego tem diversos impactos na economia, incluindo uma menor produção na agropecuária e na indústria, um baixo crescimento econômico, um aumento da pobreza, uma elevação dos problemas de saúde entre os desempregados, além do crescimento da inadimplência e dos pedidos do seguro-desemprego.
É preciso ressaltar que a taxa de desemprego é um indicador essencial na macroeconomia, refletindo a saúde do mercado de trabalho e, por extensão, a economia de um país. Monitorar e entender suas variações permite aos formuladores de políticas econômicas tomar decisões informadas para promover o crescimento econômico do país e o bem-estar social da população.
No Brasil a taxa de desemprego foi de 7,9% no trimestre encerrado em março de 2024, atingindo 8,6 milhões de pessoas acima de 14 anos de idade. Esta taxa cresceu 0,5 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2023 (7,4%). Este número exclui os subempregados e os desalentados. E o desemprego sobe em oito estados brasileiros (Acre, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) no primeiro trimestre de 2024, de acordo com o IBGE.
Este artigo analisa os dez estados brasileiros com as maiores taxas de desemprego no primeiro trimestre de 2024, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE:
RANKING NACIONAL | ESTADO | TAXA DE DESEMPREGO |
1° | BAHIA | 14,0% |
2° | PERNAMBUCO | 12,4% |
3° | AMAPÁ | 10,9% |
4° | RIO DE JANEIRO | 10,3% |
5° | PIAUÍ | 10,0% |
5° | SERGIPE | 10,0% |
6° | PARAÍBA | 9,9% |
6° | ALAGOAS | 9,9% |
7° | AMAZONAS | 9,8% |
8° | RIO GRANDE DO NORTE | 9,6% |
Tabela 1. Os dez estados brasileiros com as maiores taxas de desemprego no primeiro trimestre de 2024. Fonte: PNAD Contínua/IBGE. |
Bahia
A Bahia lidera o ranking nacional com uma taxa de desemprego de 14,0% nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2024. Este alto índice pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo a elevada violência e a dependência de segmentos vulneráveis economicamente, como o turismo e a agropecuária, que sofrem com sazonalidades e crises econômicas.
Pernambuco
O estado de Pernambuco, com uma taxa de desemprego de 12,4%, ocupa a segunda posição no ranking brasileiro. Pernambuco enfrenta desafios estruturais significativos, como a falta de diversificação econômica e a elevada informalidade no mercado de trabalho, dificultando a absorção de toda a força de trabalho disponível.
Amapá
O Amapá ocupa a terceira posição no ranking de desemprego, com 10,9% dos trabalhadores desempregados. A localização geográfica e a infraestrutura logística limitada são obstáculos para o crescimento econômico do estado nortista, impactando diretamente a criação de empregos formais.
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, com uma taxa de 10,3%, está em quarto lugar. Apesar de ser um dos três estados mais ricos do Brasil e da região Sudeste, problemas como a crise fiscal e a violência urbana afetam negativamente o mercado de trabalho. A instabilidade em segmentos de petróleo e de gás contribui também para o desemprego elevado.
Piauí e Sergipe
Piauí e Sergipe compartilham a quinta posição com uma taxa de desemprego de 10,0%. Ambos os estados sofrem com a escassez de oportunidades no setor industrial e com a predominância de atividades econômicas de baixa produtividade, resultando em um mercado de trabalho menos dinâmico.
Paraíba e Alagoas
Paraíba e Alagoas, ambos com uma taxa de desemprego de 9,9%, ocupam a sexta posição no ranking nacional. A economia desses estados nordestinos é fortemente baseada na agropecuária e no setor de serviços, que são áreas suscetíveis a crises econômicas e variações sazonais. O setor de serviços, embora seja o maior gerador de empregos, também é vulnerável a essas instabilidades econômicas da região.
Amazonas
Amazonas, com 9,8% de pessoas procurando emprego, ocupa a sétima posição. Apesar de abrigar a Zona Franca de Manaus, que é um importante centro de produção industrial, o maior estado do Brasil e da região Norte ainda enfrenta altos níveis de desemprego devido à contração na formação bruta de capital fixo (FBCF), a concentração de atividades em poucos segmentos econômicos e a falta de infraestrutura adequada.
Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte fecha na oitava posição o ranking dos 10 estados brasileiros com as maiores taxas de desemprego no 1° trimestre de 2024, com uma taxa de 9,6%. A economia potiguar é diversificada, mas ainda enfrenta desafios como a baixa industrialização e a dependência de setores vulneráveis como o petróleo, o turismo e a agricultura.
O Nordeste lidera o desemprego no Brasil, com sete estados entre os 10 maiores índices do país: Bahia, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. O desemprego, a pobreza e o analfabetismo são três dos mais relevantes desafios da região, requerendo atenção especial.
Mesmo com a expansão do trabalho remoto, muitas empresas fecharam suas lojas no Nordeste. Exemplos disso incluem a Rede Dia, Lojas Americanas, Carrefour, Lojas Marisa e Casas Bahia. Diversos fatores contribuem para esse fenômeno nas empresas do varejo, incluindo a redução do poder de compra das famílias, custos operacionais elevados, movimentos sazonais e o aumento das compras online e da inadimplência, que explicam os motivos das empresas encerrarem suas operações na região.
Para enfrentar esse desafio do desemprego conjuntural no Nordeste, é crucial que governos municipais, estaduais e federal trabalhem juntos na criação de estratégias que incentivem a inovação tecnológica, atraiam investimentos privados nacionais e internacionais e desenvolvam setores produtivos, visando à geração de empregos de qualidade e ao fortalecimento econômico dos estados mais afetados pelo desemprego.
Convidamos o(a) estimado(a) leitor(a) do Portal MaisPB para debater o elevado desemprego no Nordeste (11,1%), o maior entre as cinco regiões do Brasil, durante o XXXII Encontro de Entidades de Economistas do Nordeste (ENE). O tema do encontro regional será “Interiorização do Desenvolvimento do Nordeste: Oportunidades e Desafios” e ocorrerá no moderno auditório do Sindicato dos Contabilistas do Estado da Paraíba (SINCONTABIL-PB), no Shopping Liv Mall, nos dias 24 e 25 de maio de 2024.
É preciso destacar que a palestra magna do XXXII ENE será ministrada pelo economista pernambucano Jorge Jatobá, diretor financeiro da Consultoria Econômica e Planejamento (CEPLAN) e Doutor em Economia pela Vanderbilt University, localizada em Nashville, no estado de Tennessee, nos Estados Unidos da América (EUA). Entre os seus renomados ex-alunos destaca-se o ex-vice-presidente dos EUA entre 1993 e 2001 e Prêmio Nobel da Paz de 2007, o advogado e ambientalista Al Gore, reconhecido mundialmente “pelos seus esforços na construção e disseminação de maior conhecimento sobre as alterações climáticas induzidas pelo homem e por lançar as bases necessárias para inverter tais alterações”.
Certamente, as mudanças climáticas também contribuem para o desemprego no Nordeste. No entanto, o combate às mudanças climáticas pode gerar novos empregos em setores como energias renováveis (energia eólica, solar e biomassa), eficiência energética, gestão de recursos hídricos, agropecuária sustentável, práticas de manejo florestal e reciclagem de resíduos. Assim, políticas públicas focadas em economia verde e em adaptação e mitigação das mudanças climáticas são essenciais para minimizar os impactos negativos na região Nordeste, que abriga cerca de 27% da população brasileira.
Os dados da PNAD Contínua mostram um cenário alarmante para os estados brasileiros com as maiores taxas de desemprego. Com taxas superiores à média nacional de 7,9% do primeiro trimestre de 2024, esses estados enfrentam desafios estruturais que dificultam a melhoria do mercado de trabalho. Entre as principais causas que contribuem para essas elevadas taxas estão à falta de diversificação econômica, infraestrutura inadequada, baixo nível educacional, baixa produtividade e alta informalidade.
O Nordeste, com sete estados entre os dez mais afetados, exemplifica claramente esses desafios regionais. A alta dependência de setores economicamente vulneráveis, como o turismo, a agropecuária e o petróleo, combinada com uma industrialização insuficiente, acentua a precariedade do mercado de trabalho na região. Apenas dois estados nordestinos, os estados do Ceará (8,6%) e do Maranhão (8,4%) não estão na lista dos 10 maiores índices de desemprego do Brasil no trimestre terminado em março de 2024.
Para combater essas altas taxas de desemprego, sobretudo entre as jovens mulheres negras, é essencial que políticas públicas sejam implementadas com foco em educação de qualidade e diversificação econômica. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), a atração de investimentos privados e a promoção de segmentos como a construção civil, o transporte, o turismo, as energias limpas e o agronegócio são fundamentais para criar empregos de qualidade.
A realização do XXXII ENE em João Pessoa, capital da Paraíba, oferece uma oportunidade valiosa para debater e encontrar soluções para o desemprego da população economicamente ativa (PEA) no Nordeste. A participação de renomados economistas, como Jorge Jatobá, promete enriquecer as discussões com insights importantes sobre como enfrentar o desafio de milhões de nordestinos que estão sem emprego em plena Quarta Revolução Industrial.
O desemprego estrutural também se manifesta nos nove estados nordestinos, caracterizando-se por uma desconexão entre as habilidades dos trabalhadores e as exigências do mercado de trabalho. Esse fenômeno ocorre devido a uma combinação de fatores, como a insuficiente qualificação profissional, a automação e a modernização dos processos produtivos, que reduzem a demanda por mão de obra tradicional. Além disso, a economia nordestina, historicamente dependente de setores primários como a agricultura e a pecuária, enfrenta dificuldades para se adaptar às novas demandas tecnológicas da Indústria 4.0.
Os economistas alertam para os graves impactos das enchentes no estado do Rio Grande do Sul e projetam mais desemprego (5,8% no 1° trimestre de 2024 e sexto estado brasileiro com menor taxa de desemprego) na economia gaúcha nos próximos três meses. Portanto, enfrentar o desemprego no Brasil, especialmente nas regiões mais afetadas, como o Nordeste e o Norte, requer um esforço coordenado entre governos municipais, estaduais e federal, iniciativa privada e sociedade civil. Com estratégias empresariais eficientes e políticas públicas eficazes será possível reduzir a taxa de desemprego no país e promover um desenvolvimento sustentável para a população brasileira.
Link para inscrição gratuita no XXXII ENE em João Pessoa:
even3.com.br/ene-2024-encontro-de-entidades-de-economistas-do-nordeste-454524
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OPINIÃO - 22/11/2024