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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O cordão

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publicado em 21/05/2024 às 07h00
atualizado em 21/05/2024 às 04h49

Tenho mais amizade com as mulheres, do que com os homens. Tenho mais amor por elas, e cada dia, menos aos homens.

As mulheres representam mundos dentro de mim. Infinitamente vastas são as mulheres, desde seus povoados mais distantes.

O cordão que me ligava a minha mãe, nunca arrebentou e  podem acreditar, “já disse que fui mulher”, não sei quando, talvez por isso uma identificação masculina com elas.

Se eu pudesse teria mil namoradas.  Até aquela do Nilton César – “Deusa na terra nascida, A namorada que sonhei”

Lembro de quando vim embora do sertão para o litoral, fiquei com mais saudade de meu pai, mas logo pensei  na minha mãe, que tomava banho numa bacia grande de zinco. Aquilo era lindo demais.

O choro de antigas dores, pancadas no morto, tudo quem me salva são as mulheres. Nunca vi seres mais corajosos.

Eu não quis escrever sobre o assalto, o cara com um revolver na minha barriga e outro, por trás arrancou meu escapulário, que foi presente de uma amiga. Faz de conta que eu não contei.

Duas,  três vezes por mês vou visitar a professora Angela Bezerra – ô sorte, viu? Uma mulher que não alisa, que orienta o homem a crescer na vida. Saio da casa dela cheios de novas descobertas, novas palavras. Angela, Angela, que nome bonito!

Na mais completa intimidade de dois amigos, um homem e uma mulher, Angela me faz feliz.

No último sábado tomamos café com bolachas e queijo de coalho assado. Na cozinha, um silencio e só nossas vozes dissonantes.

Antes, Angela falou do assalto, que eu não havia contado a ela. Angela foi no quarto e trouxe um cordão de ouro branco, pesado, e botou no meu pescoço.

O ouro não nos representa, o cordão sim, nos ligou mais ainda, até que a morte nos separe.

Kapetadas

1 – O estado está debaixo d’água, sem luz, água potável, pessoas desaparecidas e milhares de desabrigados. Mas para Eduardo Leite, o excesso de doações pode ser um problema para o comércio local. Poxa!

2 – Solidariedade é artigo de primeira necessidade. Devia ter pra todos até em tempo bom e dia bonito.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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