João Pessoa, 27 de maio de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
As pessoas são como músicas. De algumas, gostamos à primeira vista. Seus acordes são tão tocantes que arrancam lágrimas ao primeiro contato. Emocionam. Preenchem. Outras, porém , precisam ser ouvidas repetidas vezes, até começarmos a apreciá-las. Ou seja, algumas exprimem um sentido imediato, outras precisam ser lidas, interpretadas, estudadas.
Algumas permanecerão conosco por um bom tempo. Cantaremos seus refrões. Sabe aquela música que não sai da mente, por mais que você ouça outras? Quando você menos percebe, está cantarolando a bendita! Determinadas músicas, porém, fatalmente serão esquecidas. Não lembraremos delas até que ouçamos novamente os seus acordes. E será uma lembrança efêmera, daquelas que não passam pela alma.
Nossa alma possui desejos. Alguns, conseguimos saciar, outros não. E, mesmo aqueles que conseguimos, rapidamente dão lugar a outros e outros. Como dizia Schopenhauer em seu tratado sobre a arte, nada no mundo é capaz de apaziguar a vontade. Todavia, algumas contemplações são tão amavelmente harmoniosas que nos livram desse buscar frenético pela satisfação. Nos dão a saciedade de que tão desesperadamente precisamos.
A música é um desses fenômenos. Ela dá voz ao inexprimível do nosso ser, nos liberta daquilo que sentimos mas não entendemos e, assim, nos traz paz. Mesmo que seu acorde seja triste, como um bemol, ainda nos parecerá belo. E, quando o sustenido chegar, aquele ápice pelo qual todos esperamos, a experiência terá sido completa.
Assim também as pessoas que passam pela nossa alma. Preencherão, expressarão, suprirão necessidades vitais. As mais recônditas.
Já ouvi músicas tão especiais, tão maravilhosamente e absurdamente tocantes que passaram a fazer parte da trilha sonora da minha vida eternamente. Um simples acorde soa como uma sinfonia. Por isso, estou sempre atenta ao som dessas músicas. Elas darão o tom da minha existência e completarão esse ser insaciável que sou eu, que é você.
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NOVA VAGA - 17/12/2024