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Cadela “Valente” é salva por juízes, promotora de Justiça e comunidade de Piancó

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publicado em 29/05/2024 ás 09h34

A solidariedade humana é uma virtude que brilha, especialmente quando direcionada aos mais vulneráveis e poucos são mais vulneráveis do que animais de rua. Uma prova real dessa solidariedade ocorreu na Comarca de Piancó, Alto Sertão paraibano, a km 396 de João Pessoa. O caso envolve uma cadela e sua prole, numa realidade árdua de luta para garantir a sobrevivência dos filhotes em meio às adversidades das ruas ou de tutores cruéis.

A exemplo de organizações e indivíduos comprometidos com o bem-estar animal, naquela Comarca, juízes, promotora de Justiça, servidores do Tribunal de Justiça da Paraíba e colaboradores se reuniram para salvar a vida de uma cadela, merecida e carinhosamente chamada de ‘Valente’. Com apenas dois anos de idade, ela sempre frequentou a área externa do Fórum ‘Desembargador Luiz Sílvio Ramalho’.

O juiz da 2ª Vara Mista de Piancó, Roberto César Lemos de Sá Cruz, agradeceu a participação de todos(as) envolvidos(as) na ação. “É importante a contribuição de cada um e cada uma, em especial ao veterinário Herbes Eduardo, pelo apoio, doação e por ter salvado a mascote do Fórum”, comemora o magistrado.

A promotora de Justiça Bernucci Pistelli  ressaltou que desenvolvemos afeto quando convivemos com alguém e isso se aplica a pessoas e animais. “Quando chego para trabalhar no Fórum, o primeiro Ser que vem me cumprimentar é uma cadelinha. É ela quem dá as boas-vindas, uma verdadeira parceira, uma amiga de quatro patas para todos os servidores”, detalhou.

Pistelli continua: “Ela é quem nos faz sorrir numa manhã de segunda-feira. Não por outro motivo, quando soubemos que ela estava sob risco de vida, não tivemos dúvidas e unimos esforços para garantir um parto seguro para ela e seus filhotinhos. Graças a Deus, deu tudo certo. Nossa equipe não teve outra perda, ganhamos mais 12”.

A gerente do Fórum, Dilma Gomes, lembrou que ‘Valente’ sempre fez parte do cotidiano das pessoas que frequentam o prédio do Poder Judiciário local. “Com um comportamento dócil e dona de grande simpatia, ela foi conquistando o coração de todos nós”, informou a servidora. Dilma disse, ainda, que em um determinado dia, a cachorrinha estava um pouco triste, parada em um canto e sem muita vontade de brincar ou interagir.

“Percebemos que ela estava grávida e sentindo dores. Foi quando decidimos levá-la ao veterinário. Lá, foi confirmada a gravidez e foi necessário fazer uma cesariana e laqueadura, procedimentos pagos por todos nós. Para nossa surpresa, nasceram 12 filhotes”, relatou a gerente. “Só que ela rejeitou os cachorrinhos”, lamentou.

A partir desse momento, teve início uma segunda fase: a de cuidar e alimentar os filhotes. A equipe do Fórum também organizou uma campanha de adoção dos 12 filhotes. “É gratificante participar desse revezamento de cuidados com essas pequenas e lindas criaturas”, relata a servidora da 2ª Vara Mista de Piancó, Suzana Martins. Ela avalia que, na verdade, além de abrigo, comida, água, cuidados veterinários e busca por adoção em lares amorosos, os servidores do Fórum de Piancó criaram uma rede de solidariedade, que se estende para ajudar aqueles que não podem pedir ajuda por si mesmos.

Fazem parte dessa rede os juízes Pedro Davi Alves de Vasconcelos e Roberto César Lemos de Sá Cruz; a promotora de Justiça Bernucci Pistelli; a gerente do Fórum, Dilma Gomes; os servidores (as) da 2ª Vara Mista, Damiana Vânia, Suzana Martins, Antônio Alexandre, e Elson Luiz, a servidora da 1ª Vara Sheila Gianotti; os oficiais de justiça, Sebastião Oliveira e Dirceu Rodrigues; o sargento-PM Washington; os vigilantes Antônio Viana, Flávio Fernandes, José Orlando; e as colaboradoras, Josefa Brasileiro, Joelandia Jó e Elizângela Ramalho.

No entanto, a solidariedade humana não se limita apenas às ações práticas. Ela também se manifesta na compaixão e na empatia que nutrimos por esses seres indefesos. Reconhecer a humanidade compartilhada entre nós e os animais nos inspira a agir em prol de seu bem-estar e a defender seu direito a uma vida digna e livre de sofrimento. Ao estender nossa solidariedade às cachorras de rua e seus filhotes, não apenas estamos melhorando suas vidas, mas também enriquecendo as nossas. Pois, em última análise, a verdadeira medida de nossa humanidade reside na forma como tratamos os seres mais vulneráveis ao nosso redor.

Fernando Patriota

Especial para o MaisPB