João Pessoa, 01 de junho de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
cultura

MaisPB Entrevista: Banda Selton lança “Gringo Volume 1”

Comentários: 0
publicado em 01/06/2024 ás 13h01
atualizado em 01/06/2024 ás 18h21

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – Simone Biavati

Os Selton estão com tudo. Uma banda ítalo-brasileira radicada em Milão, está lançado o novo disco “GRINGO Vol.1” (Universal Music Itália), o sexto álbum do grupo. Neste sábado, 1º de junho, eles se apresentam em São Paulo, no Sesc Pompeia. São eles o cantor, violonista e tecladista Ramiro Levy, o percussionista Daniel Plentz e o baixista Eduardo Stein Dechtiar. A banda é do mundo todo.

A banda é brasileira, mas foi formada em 2005 na cidade de Barcelona por grupo de amigos de Porto Alegre, que se reunia para tocar músicas dos Beatles no Parque Güell – eram os famosos coveres da banda inglesa.

“GRINGO Vol.1” conta com a participação especial de Ney Matogrosso em “Sangue Latino” com versão italiana “A ideia de fazer uma versão italiana de Sangue Latino veio uma noite em um sonho. De alguma maneira sentimos que essa canção nos pertence, pertence a esse nosso momento. É sobre caminhar, sobre transformar e se deixar transformar, sobre o tempo que passa e sobre as nossas raízes, constantemente em movimento. E para coroar esse sentimento, ainda tivemos a participação do Ney Matogrosso, que acolhemos como uma espécie de benção”, disse Ramiro Levy

Vejam um trecho da canção Gringo que dá nome ao disco – “Para os mexicanos os gringos são os americanos. Para os argentinos os gringos são os italianos. Para os italianos os gringos são os cowboys. No Peru, quem tem a pele branca é considerado gringo. No Brasil, basta ser estrangeiro para se considerado gringo.

Foi nas cantorias pelas ruas de Barcelona, que o produtor da MTV italiana os viu tocando e levou o grupo para assinar seu primeiro contrato de gravação na Itália. Aí sim, Os Selton nunca mais saiu das paradas e plataformas.

Em 2008 a trinca se mandou para Milão, onde começaram pra valer a carreira na indústria fonográfica.  Além Daniel Plentz que toca bateria, congas, timbal, cajon e vozes, Eduardo Stein Dechtiar no baixo, sintetizador e voz  E Ramiro Levy na voz, violão, guitarra e teclados, tocam no disco Ricky Damian: programação eletrônica e backing vocals, Machweo: co-produção Leo Varsa nos teclados, além de programação eletrônica, sob o comando de Roland TR505, Clavinet, Piano, Korg, Poly Ensemble e Minimoog Model D  e Gaia: backing vocals.

Lá e agora

Lançada em 2013, no álbum “Saudade”, a canção “Qui Nem Giló” (Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga) com feat. de Arto Lindsay está na trilha sonora da novela “No Rancho Fundo” (Rede Globo).

Conversamos com Ramiro Levy e ao MaisPB ele conta a história desse disco,  faixa a faixa, da formação da banda e muito mais.

MaisPB – Legal essa história de fazer um disco com alusão a palavra gringo. Encontraram um novo som para essa palavra universal? 

Ramiro Levy  Desde que saímos do Brasil e acabamos nos estabelecendo na Europa – primeiro em Barcelona, depois em Milão – o conceito de Gringo acabou virando uma constante na nossa vida. Nos sentimos gringos aqui, da mesma maneira que nos sentimos gingos aí. O ponto crucial porém dessa condição de eternos “forasteiros” é o olhar estrangeiro. E é esse o nosso convite: procurar manter um olhar externo sobre o mundo, sobre as coisas que nos rodeiam. Não dar nada por garantido, e seguir sempre nos permitindo de se apaixonar, de se encantar com o mundo ao nosso redor.

 MaisPB– É tão bonita a interpretação de  “Sangue Latino”, com a mesma batida da versão original, uma maravilha de guitarras numa mistura perfeita de idiomas. Vamos falar sobre isso? 

Ramiro Levy  –Talvez seja o maior exemplo de um sonho que se torna realidade. Uma noite sonhei com a versão em italiano dessa música, e acordei anotando as frases que lembrava. Foi aí que começamos a trabalhar na nossa versão, que por algum motivo acabou virando um pilar do disco. Antes mesmo de o Ney topar participar, já tínhamos decidido que seria a faixa de abertura do disco. Talvez pelo fato de ela falar de caminhada, de se jogar no desconhecido, de raízes que se transformam, sentimos que ela nos representa muito nesse momento. Quando aos 45 do segundo tempo O Ney nos mandou a gravação dele, foi como se os astros tivessem se alinhado. Para a gente foi como uma benção, difícil segurar a emoção.

MaisPB – Mais um disco da Selton, bem preparado. A terceira faixa “Fatal” dá vontade de dançar, né?

Ramiro Levy  –Fatal é uma música escrita para os nossos amigos, mas, no fundo, também para nós mesmos. Vivemos em tempos difíceis, onde somos todos obrigados a correr e viver a beira de um ataque de nervos, o famoso burn out. Foi preciso sair do Brasil para nos darmos conta disso: essa coisa de falar sobre temas tristes, amargos com um ritmo leve talvez seja uma das maiores heranças que carregamos da música brasileira. Pra chorar dançando na pista.

MaisPB  – Foi muito bom chamar  Ney Matogrosso para cantar junto. Aumentou a responsabilidade no novo trabalho, né?

Ramiro Levy –Vivemos essa colaboração muito mais como uma benção, um aval, do que um peso. Porém sim, com certeza uma honra difícil de colocar em palavras.

MaisPB –  A banda Selton nasceu no Brasil, mas é do mundo todo, tamanho volume de ritmos, não é?

Ramiro Levy  –Sim, desde o início sempre tivemos como principal característica essa mistura de influências, de sons de línguas. Gostamos de pensar no nosso trabalho como uma eterna pesquisa. Sempre fomos muito curiosos e sedentos por novidades. A busca é absorver o máximo de todos os lados para conseguir criar algo que seja novo, pelo menos para a gente.

MaisPB – Mezzo Mezzo é uma canção linda, parece feita para deixar a vida levar a gente. E tem som  que cresce, cresce. Estou certo?

Ramiro Levy  –Metade em 3/4, metade em 7/4. Metade em italiano, metade em português, mas também um pouco em inglês. Não foi por acaso que ela acabou se tornando um dos primeiros singles, acho que ela representa bem essa nossa mistura, a nossa pesquisa, o novo som presente nesse disco. O contraste entre minimalismo e explosão, catarse.

MaisPB Vamos  falar do trabalho da equipe  Daniel Plentz, Eduardo Stein Dechtiar, ,  Ricky Damian e todo mundo que está  no disco, os coros etc? 

Ramiro Levy  –Bom no que diz respeito a nós 3, talvez o melhor termo para definir é casamento mesmo. Mais de 15 anos de relação, muito companheirismo, amor e fé. A parte boa é que nunca estivemos tão apaixonados como nesse momento. Gringo acabou sendo como uma espécie de renovação de votos. O Ricky entrou na jogada quando estávamos procurando o produtor certo para esse disco, para esse novo momento mais maduro da banda. Já tínhamos feito alguns testes de produção com outros produtores, até que o Ricky escutou as demos e se apaixonou pelo projeto. Foi aí que ele nos convidou para ir à Londres fazer um teste para ver como fluía o trabalho juntos. Desde a primeira música gravada juntos no 13 Studio (estúdio de Damon Albarn, onde foram gravados todos os discos dos Gorillaz e os primeiros do Blur) ficou claro para todo mundo que ele era o produtor certo para esse disco. Humanamente, tecnicamente, tudo fluiu, e ele acabou se tornando quase um 4º membro da banda. Todas as outras colaborações foram extremamente naturais. Sempre curtimos muito a ideia de coletivo, pois é um pouco um reflexo da nossa vida aqui. Marco Castello, Pietro Selvini, Gaia, Ginevra e Adele, além de grandes artistas são também caríssimos amigos. Então as colaborações acabaram acontecendo naturalmente.

MaisPB – “Calamaro Gigante” é uma canção declamada?

Ramiro Levy  –É uma história. Uma história inventada, mas baseada em histórias reais que continuam a se repetir ao longo da história, infelizmente. Conta a história de um barco de refugiados que tenta atravessar o mar mediterrâneo em busca de uma vida melhor. A um certo ponto o barco acaba virando e os passageiros caem na água, sendo notados por uma criatura marinha – o Calamaro Gigante, narrador da história. Apesar da sua fome imensa, o nosso monstro acaba simpatizando e empatizando com a luta pela vida da tripulação e deixa eles passarem, desejando a eles um bom recomeço e deixando um valioso conselho: ninguém nunca entenderá o que aconteceu hoje à noite.

MaisPB – Terremos o Gringo Vol 2?

Ramiro Levy  –Quando começamos o processo de Gringo, partimos de um grupo de 50 canções. Começamos a filtrar até chegarmos em 20, que para a gente tinha que estar nesse disco. Foi aí que nos demos conta que tínhamos entre as mãos um disco duplo. A escolha de dividir em 2 volumes foi para conseguir dar a justa atenção a cada um dos grupos de canções. Então sim, haverá um volume 2. Quem sabe um volume 3?

MaisPB

MaisTV

Desembargadora anuncia ferramenta para combater ‘deep fakes’ nas eleições

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL - 19/07/2024

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas