João Pessoa, 03 de junho de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
E chegou junho: o mês mais celebrado por nós, sortudos filhos da região nordeste. Tudo fica tão lindo nessa época! As ruas se vestem de um tom multicolorido. O outono traz para nós temperaturas amenas, garoa fresquinha que contrasta com o calor vindo das fogueiras. As comidas… ah… as comidas… alguém conhece época mais apetitosa? O milho verdinho, recém colhido, enche nossas mesas das mais variadas composições. É a época mais musical do ano! Em qualquer mão você encontra uma sanfona. Não que seja um instrumento fácil de ser tocado. Para esta que vos escreve, parece ser o mais difícil! Nem tente se você não tiver o mínimo de coordenação motora! Em qualquer mão se encontra, porque filhos do nordeste também são filhos da sanfona de Luiz Gonzaga, de Sivuca… então, meio que está no sangue.
É o mês mais nordestino do não. Para nós, aqui de Campina Grande, o São João é o “Natal” do meio do ano. As casas são decoradas, recebemos nossos parentes, é uma verdadeira festa. Contagiante o clima junino da região nordeste! Campina Grande e Caruaru despontam como expoentes das maiores e melhores festas de São João! Mega estruturas são montadas, as mais variadas atrações sobem aos palcos em shows que atraem turistas de todo o país e do mundo. Em qualquer cidade nordestina você poderá encontrar algum festejo. Por menor que seja. Também não é uma festa exclusiva da região nordeste. Todas as regiões comemoram as festas juninas de acordo com a sua tradição, à sua maneira. Mas a nordestina tem um tom diferenciado. “Puxando sardinha” para nossa lata…rsrsrsrs…
Amo esta época! Por tudo que já citei, mas, mais ainda, pelo que ela me faz lembrar. Pelo que ela traz ao meu coração. A tão esperada colheita! Poucas coisas tocam tanto a minha memória afetiva quanto a história sofrida do nosso povo, dos nossos antepassados que, numa forma de celebrar a boa colheita, principalmente do milho, no mês de junho, reuniam parentes e amigos em volta da fogueira, partilhando, matando a fome. Sua e do gado.
Como a comemoração perdeu o significado! Como tem se distanciado da tradição! Virando um São João “de plástico”. Servindo apenas a interesses políticos: sim, quanto mais bonita a festa, mais provável a reeleição. Os festejos saíram dos bairros, as fogueiras saíram das ruas, por causa do asfaltamento. A tradição tem sido arrancada do seu povo. A tradição agora é uma festa com um palco de dezoito metros de altura, por vinte e quatro metros de largura. Os artistas da terra veem seu tempo ser reduzido, para dar espaço a artistas que vendem mais. A zabumba dá lugar ao trio elétrico. O forró dá lugar ao axé. Bom para meus avós que ainda puderam celebrar a partilha, a comunhão. Ruim para meus filhos: não sei o que encontrarão nos próximos anos. Talvez ainda encontrem uma pamonha. Mas, certamente, vai ser uma “pamonha gourmet”!
Não. O texto não vai agradar! Mas, lembre-se: os textos publicados pelos colunistas não representam necessariamente a opinião do Portal!
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NOVA VAGA - 17/12/2024