João Pessoa, 30 de janeiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido e da França afirmaram nesta segunda-feira que vão fazer uma visita à sede da ONU, em Nova York, para pressionar o Conselho de Segurança a adotar uma resolução contra a onda de violência na Síria, que já dura mais de dez meses.
Segundo a emissora de TV americana CNN, o Conselho de Segurança apresentará uma proposta de resolução ainda nesta semana, convidando o ditador sírio, Bashar Assad a renunciar e transferir o comando do país, palco de protestos de opositores desde março do ano passado.
O chanceler francês, Alain Juppe, discursará ao órgão na terça-feira, em um esforço para conquistar o apoio dos 15 membros à proposta da Liga Árabe por uma mudança política na Síria.
"O ministro está em Nova York para convencer o Conselho de Segurança a assumir suas responsabilidades enquanto os crimes contra a humanidade cometidos pelo regime pioram", afirmou o porta-voz do ministério, Bernard Valero.
Os 15 membros do Conselho de Segurança podem votar ainda nesta semana sobre a nova resolução, que está sendo rascunhada por Reino Unido e França com consultas do Qatar, Marrocos, Estados Unidos, Alemanha e Portugal.
Segundo a agência de notícias Reuters, a proposta de resolução pede uma "transição política" na Síria, mas não defende sanções na ONU contra Damasco. O documento alerta, porém, que "novas medidas" poderiam ser adotadas contra o regime caso os termos da resolução não fossem cumpridos.
RÚSSIA –Os esforços franceses e britânicos buscam substituir uma proposta russa que algumas delegações ocidentais consideram ser muito confortável para Assad e pouco relevante à luz das recentes propostas da Liga Árabe.
A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança, disse na semana passada a resolução árabe era inaceitável e que o órgão deveria ouvir diretamente a missão da Liga Árabe enviada à Síria antes de discutir o assunto.
Nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que o regime sírio está disposto a iniciar em Moscou um diálogo informal com a oposição, o que pode enfraquecer os esforços por uma resolução na ONU.
"Propusemos às autoridades sírias e à oposição enviar seus representantes a Moscou para contatos informais. Já recebemos uma resposta positiva por parte das autoridades sírias", informou o ministério.
O ministério disse ainda que aguarda nos próximos dias a resposta dos opositores, que até o momento se recusaram a dialogar enquanto a violência não cessar no país.
CONFLITOS – O Exército sírio retomou nesta segunda-feira o controle de cidades nas proximidades da capital, Damasco, que haviam sido tomadas por forças rebeldes, de acordo com informações da emissora britânica de TV BBC. Ao mesmo tempo, o regime afirmou que terroristas sabotaram um novo gasoduto.
Segundo ativistas citados pela emissora britânica, artilharia pesada e tanques foram usados pelo Exército sírio, e o subúrbio de Saqba ainda era bombardeado. O Exército Sírio Livre, da oposição e originalmente formado por militares desertores, recuou.
Nesta segunda-feira, a agência estatal de notícias Sana afirmou que um grupo armado lançou ataques contra o gasoduto que vai de Homs a Banyas, próximo a Tal Kalakh.
Em um segundo suposto ataque terrorista, o regime informou que um grupo armado matou o médico Mustafa Mohammed Safar, na cidade de Homs. A ação teria como alvo especialistas de saúde e tecnologia.
REPRESSÃO – Em dezembro, a ONU havia atualizado a contagem de civis mortos nas ações violentas das forças de segurança sírias em 5.000 pessoas, e, desde então, não foi divulgado nenhum novo número sobre o assunto.
O regime de Assad se defende dizendo que, na verdade, combate terroristas armados, e não manifestantes pró-democracia. Segundo as autoridades sírias, mais de 2.000 membros das forças de segurança morreram nas operações.
Na semana passada, a alta comissária para os direitos humanos na ONU, Navi Pillay, anunciou que a organização desistiu de compilar os dados sobre as vítimas da repressão na Síria devido às dificuldades existentes para obter informações.
Folha
OPINIÃO - 22/11/2024