João Pessoa, 29 de janeiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Enquanto o Conselho de Segurança da ONU não chega a um consenso sobre uma resolução contra o governo de Bashar al-Assad, o Exército sírio iniciou uma nova ofensiva contra opositores. Segundo relatos, cerca de 2 mil soldados e 50 tanques foram deslocados para cidades e vilarejos controlados por rebeldes no leste e norte de Damasco, entre elas Kfar Batna, Saqba, Jisreen, Arbeen, e Rankous. Ao menos 25 pessoas morreram no que ativistas afirmam ser o mais feroz ataque no entorno da capital desde o início da revolta, que já dura 10 meses.
Intensos tiroteios foram relatados em diversas áreas neste domingo, e, de acordo com ativistas, ao menos 15 casas foram bombardeadas na cidade de Rankous (a 30 quilômetros de Damasco).
Rami Abdul Rahman, presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos, afirmou que os ataques são “os mais intensos nos arredores da capital desde o início da revolta”:
– O regime sírio está tentando encerrar a revolta militarmente agora que o caso está sendo analisado pelas Nações Unidas.
A escalada da violência acontece na esteira da suspensão da missão de observação da Liga Árabe devido à “crítica deterioração” da situação no país. A decisão do bloco foi duramente criticada neste domingo pelo governo da Rússia, afirmando que a situação exige mobilização adicional de observadores e não a sua suspensão.
– Queremos saber porque eles estão usando um instrumento tão útil desta forma – afirmou o chanceler russo, Sergei Lavrov. – Estamos surpresos que, depois da decisão de prolongar a missão por mais um mês, alguns países, particularmente países do Golfo Pérsico, pediram o retorno de seus observadores.
A missão foi criada em dezembro para monitorar o cumprimento por Damasco do plano da Liga para acabar com a violência no país. Na terça-feira, o grupo ampliou a missão por mais um mês. Mas a Arábia Saudita e outros Estados árabes do Golfo retiraram seus monitores, reduzindo o número total a 110.
Lavrov disse que não compartilha da opinião de alguns países ocidentais de que a missão era inútil e que era impossível manter um diálogo com o regime Assad:
– Acho que essas declarações são muito irresponsáveis porque tentar sabotar uma chance de pacificar a situação é absolutamente imperdoável.
Agora, o foco diplomático para estar se voltando para o Conselho de Segurança da ONU, que começou na sexta-feira a discutir uma nova resolução contra a Síria. O projeto, entretanto, já enfrentou a oposição imediata da própria Rússia. O embaixador do país na ONU, Vitaly Churkin, disse a jornalistas que o texto final da proposta de resolução é ‘inaceitável’, mas ressalvou que o governo russo está disposto a continuar negociando.
A base do anteprojeto em debate é a mesma da proposta da Liga Árabe recusada pelo governo de Damasco na semana passada. O plano determina que Assad transfira o poder ao vice e forme um governo de unidade, transitório. O texto sofreu algumas alterações, como a ausência de menções a sanções econômicas, num esforço para convencer Moscou.
O Globo
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