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ESCOMBROS

Cercada por tapumes área dos desabamentos no Rio

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publicado em 29/01/2012 ás 10h24

A área dos desabamentos no Centro do Rio amanheceu neste domingo cercada por tapumes colocados pela prefeitura para isolar a região. Quase não há mais escombros no local, e a expectativa é que a rotina comece a voltar ao normal a partir das 6h de segunda-feira, quando a Avenida Almirante Barroso será totalmente liberada ao tráfego de veículos. A via encontra-se interditada, entre a Avenida Rio Branco e a Rua Senador Dantas, para facilitar o trabalho das equipes nas buscas e retirada de escombros. A Avenida Treze de Maio será liberada aos pedestres, e a Rua Senador Dantas voltará à mão de origem, do Passeio à Avenida Chile.

Segundo o Centro de Operações, permanecem interditados pela Defesa Civil o prédio de número 6 da Avenida Almirante Barroso e o anexo do Theatro Municipal.
Neste domingo, por conta do trabalho das equipes, ainda não está permitido o acesso aos prédios da Avenida Treze de Maio. A via continua fechada para carros e pedestres.
 

Segundo informou a rádio CBN, partes de corpos encontradas em um depósito da Comlurb para onde estão sendo levados escombros dos desabamentos deram entrada no Instituto Médico-Legal no fim da noite de sábado. Não se sabe se os membros pertencem a uma mesma pessoa. De acordo com o IML, só por meio de exames será possível fazer a identificação. Até agora, 17 corpos foram localizados e 13 deles, identificados.
Na tentativa de encontrar os cinco corpos que ainda estão desaparecidos, o Corpo de Bombeiros está revirando também o entulho que está em um terreno da Comlurb, na Rodovia Washington Luiz. Sete viaturas do Corpo de Bombeiros estão no depósito. A iniciativa foi tomada depois que um cadáver foi encontrado no local, em meio aos escombros.

O secretário de Conservação do Município do Rio, Carlos Roberto Osório, informou na manhã deste domingo que todos os escombros retirados estão agora concentrados no terreno na Washington Luiz, sob guarda da polícia. Fotos publicadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” no sábado mostram funcionários da empresa Porto Novo revirando os entulhos dos prédios que estavam provisoriamente na Zona Portuária e retirando objetos de valor, cabos elétricos e telefônicos e peças de metal.
 

— Foi verificado este problema, e ele foi sanado. Hoje todos os escombros estão na Washintgon Luiz, sob guarda da polícia. O caso está encerrado. Instalamos câmeras para ter total segurança. E o material está à disposição da perícia — disse Osório.
 

O coronel Lima Castro, comandante da Guarda Municipal, afirmou que os quatro funcionários da concessionária Porto Novo que aparecem nas fotos foram identificados e serão demitidos. Disse ainda que a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso.
 

Pessoas que trabalhavam nos prédios que ruíram já vinham reclamando que não estavam conseguindo ter acesso aos escombros para procurar seus pertences. Na quinta-feira à noite, o dentista Antônio Molinaro, que teve um prejuízo de mais de R$ 300 mil, chegou a ser detido por desacato depois que acusou um bombeiro de ter roubado uma caixa de CDs encontrada no local do acidente.

O coronel Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros, disse que não acredita que estejam roubando pertences no meio dos escombros:
— Se diante de um cenário de tanto sofrimento há quem faça este tipo de coisa, realmente é lamentável.
 

No entanto, no início da tarde de sábado, as advogadas Ana Betiza e Simone Argelo Andres, que trabalhavam no escritório Blatter e Galvão, no 13º andar do Edifício Liberdade, anunciaram a criação da Associação de Vítimas da Treze de Maio. Segundo Simone, cerca de 15 pessoas que trabalhavam no prédio se reuniram na noite de sexta-feira e decidiram que a prioridade será garantir o resguardo dos bens que estão sendo retirados dos escombros e dar assistência jurídica às vítimas.
— A gente já tem notícias de que catadores estão tendo acesso ao material. O município tem a obrigação de zelar por esses escombros. Tenho documentos importantes de clientes e até passaporte — cobra a advogada.

Segundo Lima Castro, o material retirado do local do acidente, que está sob a custódia da Defesa Civil estadual, só será liberado aos donos depois do trabalho da perícia. Por isso, de acordo com o comandante, ainda não há um prazo definido para que isso aconteça.

O Globo