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entrevista

Espaço K: Marcos Pires, o advogado dos ricos e dos pobres

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publicado em 10/06/2024 às 08h53
atualizado em 10/06/2024 às 10h07

Kubitschek Pinheiro

Se não existisse, seria um artista e há quem diga que antes de Macunaima de Mário de Andrade, o advogado Marcos Pires já existia, e dava pernadas ¾ nada a ver com Nabucodonosor, o Rei da Babilônia (605-562) filho mais velho e sucessor do general Nabopolassar.

Marcos Pires é o Tao e não adianta nem tentar esquecê-lo. Se quiser encontrá-lo, não o confunda com Wally, ele está todos os dias nas caminhadas ou lendo numa rede na varandado Flat, na beira-mar – aliás, o apê não dele, é alugado. Há muitos anos Marcos Pires devorou a obra de Machado de Assis, Jorge Amado e ficou apaixonado por Iracema, a não mais virgem dos lábios de mel.

 Falando sério, Marcos Pires é mesmo o advogado dos ricos e dos pobres – mais dos pobres, e  ele tem mais um milhão de amigos., deixando em outras classificações, o jornalista Abelardo Jurema e Roberto Carlos. E quando ele amigo, ele se multiplica, para ajudar os leais. Mas cuidado, MP é indomável.

Pires é conhecido também por saber contar histórias diversas que vão de Sir Alfred Hitchcock a Roldão Mangueira, que o Deus o tenha.

Ele é casado com Leca Bezerra Pires e ele também tem Bezerra no sobrenome, além dos Anjos de Berlim.

É auto do livrinho “Advogando – O Livrinho De Marcos Pires”, lançado em janeiro 2007 e ainda restam alguns exemplares no Amazon. É dono do Bloco “Baratona”, que em 2025, celebrará o jubileu de outro.

 

Leiam a conversa dele com o Espaço K, e tira a prova dos

Espaço K – Durante um tempo a expressão “pilates” virou um meme.  Vamos começar aqui – você continua fazendo Pilates, bons resultados?

Marcos Pires – Toda criança deveria aprender desde o primário duas disciplinas; estudos da Constituição e pilates. Quanto a mim, sofri um acidente, submeti-me a uma cirurgia e tão logo meu corpo fique zerado voltarei ao pilates.

 

Espaço K – De quem Marcos Pires não gosta, além de confessar as paredes do flat, poderia citar aqui, alí, acolá?

Marcos Pires – Ingratos e invejosos.

 

Espaço K – Todo mundo sabe que você é Tao, e também o tal, como MP se sente assim?

Marcos Pires – Aprendi que nossa vida é igual ao caminho de Santiago de Compostela. Em 2002 fiz a primeira das 5 caminhadas lá. A última foi em 2022. Espero voltar. É que quando fui a primeira vez era apenas um desafio, mas logo aprendi que a síntese da nossa existência está ali. Não se termina o caminho quando você conclui o percurso; o caminho continua dentro de você, sempre em frente.

 

Espaço K –  Quanto tempo você tem  de caminhadas, incluindo ai desde quando começou a engatinhar, seguido de Compostela, Cabo branco etc?

Marcos Pires – Há 30 anos faço caminhadas diárias pela madrugada, mas tem também a musculação, a natação e o pilates. O mais importante esporte que pratico, entretanto, é conversar e contar histórias.

 

Espaço K – Podemos falar de Rosi de Primo, da boate Passargada – acho que não, né? Papo batido. Mas dizem que Marcos quando era jovem, era um garanhão, procede?

Marcos Pires – As 3 melhores sensações físicas que o ser humano pode experimentar são o sexo, o final de uma corrida e o começo de um namoro.

  

Espaço K – Alguém já disse, no século passado, que MP é advogada do diabo – eu disse que não, que você é meu advogado – aí lembrei que quando eu era pequeno, totalmente imperativo e desobedecia a minha mãe, ela me chamava de “kubikão”. Bora falar sobre isso?

Marcos Pires – Dizem que o diabo sabe mais por ser velho do que por ser diabo. Eu acredito que se dá o mesmo com os Advogados, sendo que nós somos anjos zelando pelos direitos de nossos constituintes. É uma das poucas profissões onde quanto mais velhos, melhores nos tornamos.

 

Espaço K – Falando em trabalho, você é advogado de muita gente que não tem condições de pagar – bonito gesto, hein garoto?

Marcos Pires – Sempre batalhei pela atuação pro bono. Lancei uma proposta levando em consideração a escassez dos abnegados e competentes Defensores Públicos. Que se permitisse aos Advogados aceitarem causas de pessoas humildes e, ao invés de receberem honorários, poderem descontar o valor não recebido do imposto de renda.

 

Espaço K – Outra coisa –  você quando é amigo, torna isso público, esse amor. Você já perdeu muitos amigos e vez em quando posta imagens deles. Emociona, viu?

Marcos Pires – É incrível como as pessoas esquecem daqueles que foram tão importantes em suas vidas com uma rapidez que me choca. Por isso todos os dias faço questão de publicar as fotos dos amigos que estão me esperando para ficarmos sentados na beira do céu, balançando as pernas no infinito e vendo aqui embaixo o que existia de verdadeiro nas pessoas com quem convivemos. Se puder, de lá vou ajudar os que merecem e jogar umas casquinhas de banana no caminho dos outros para que se corrijam.

 

Espaço K –  Outra mania sua é ler os livros e passar para frente. Faz tempo, né?

Marcos Pires – Desde os 8 anos eu leio muito. Minha avó Joana Batista me ensinou a gostar de ler, o que é muito mais importante do que ensinar a ler, segundo Ziraldo. Foi ela que me deu o primeiro livro, ‘Dona flor e seus dois maridos”. Até hoje tenho a mania de ler 3 livros ao mesmo tempo.Acho que é um crime acumular qualquer coisa que você já tenha usado. Por isso é que não empresto livros; eu os dou, mesmo porque é muito difícil alguém devolver… .dois maridos”. Até hoje tenho a mania de ler 3 livros ao mesmo tempo. Acho que é um crime acumular qualquer coisa que você já

Espaço K – Acho que você e Mãe Leka vivem o melhor casamento, com certidão e tudo – cada um em sua casa. É melhor assim, né? Tem gente ronca e rola muita bronca, né?

Marcos Pires – Coincidentemente minha coluna desta semana trata disso. Nossa chance de termos qualquer aborrecimento é bem menor do que casais que aguentam juntos o dia a dia. Comecei a morar só aos 17 anos quando sai de casa. Tenho hábitos difíceis de compartilhar, sendo que os mais simples são viver nu dentro do apartamento numa temperatura média de 18 graus.

 

Espaço K – E os netos, bisnetos, tataranetos?

 

Marcos Pires – Minha mãe dizia que casa de avô é cabaré de neto.

  

Espaço K – Por que o Brasil não conhece o Brasil, Marcos Pires?

Marcos Pires – O Brasil precisa primeiro ser apresentado ao Brasil para depois namorarem e enfim casarem. Há tanta desigualdade que somos vários países que sequer fazem fronteira.

 

Espaço K – Eu soube que o TSE vai lhe dar um diploma, pelas boas justificativas de votos, em anos eleitorais, naquela cidade portuária, né?  

Marcos Pires – As homenagens que eu preciso são outras e nenhum delas para mim. Você sabe do que trato.

  

Espaço K – Você gosta de João Pessoa e adora Campina Grande?

Marcos ires – Eu amo João Pessoa; sua gente, sua geografia, sua história…até a sua matemática.

  

Espaço K – Você andou escrevendo uma série aqui no MaisPB – sobre a sua família, que não quebrou, sequer as pernas. Vamos falar sobre isso?

Marcos Pires – A história dos Pires está lá. Foi muito sofrido escrever aqueles artigos.

 

 

Espaço K – Então, como é que a gente termina essa entrevista?

Marcos Pires – Isso aqui é como o caminho de Compostela. Ou como diria Gonzaguinha: “De volta ao começo”.

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