João Pessoa, 28 de janeiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A Liga Árabe afirmou neste sábado que suspendeu sua missão de monitoramento na Síria por conta da “crítica deterioração da situação”. O bloco afirmou que os observadores vão permanecer no país, mas os trabalhos da equipe serão interrompidos temporariamente. Nos últimos dias, ativistas relataram que o regime de Bashar al-Assad matou pelo menos 135 pessoas em várias cidades do país.
“Dada à crítica deterioração da situação na Síria e ao contínuo uso de violência foi decidido interrromper imediatamente o trabalho da missão da Liga Árabe até que a questão seja apresentada ao conselho da liga”, afirmou o secretário-geral do bloco, Nabil Elaraby, em um comunicado.
Um membro da liga afirmou que ainda não foi fixada uma data para a reunião. Um oficial sírio, por sua vez, disse que o governo não pdoeria comentar a declaração até que recebesse uma confirmação do próprio bloco.
A missão foi criada em dezembro para monitorar o cumprimento por Damasco do plano da Liga para acabar com a violência no país. Na terça-feira, o grupo ampliou a missão por mais um mês. Mas a Arábia Saudita e outros Estados árabes do Golfo retiraram seus monitores, reduzindo o número total a 110.
Agora, o foco diplomático para estar se voltando para o Conselho de Segurança da ONU, que começou na sexta-feira a discutir uma nova resolução contra a Síria. O projeto, entretanto, já enfrentou a oposição imediata da Rússia. O embaixador do país na ONU, Vitaly Churkin, disse a jornalistas, depois do encontro em Nova York, que o texto final da proposta de resolução é ‘inaceitável’.
A base do anteprojeto em debate é a mesma da proposta da Liga Árabe recusada pelo governo de Damasco na semana passada. O plano determina que Assad transfira o poder ao vice e forme um governo de unidade, transitório. O texto sofreu algumas alterações, como a ausência de menções a sanções econômicas, num esforço para convencer Moscou.
Em Moscou, Churkin afirmou que o novo esboço cruza o que chamou de “linhas vermelhas” ao tentar “impor uma solução externa” ao conflito na Síria, mas ressalvou que o governo russo está disposto a continuar negociando.
– A Liga Árabe pode ter suas próprias ideias sobre onde o diálogo político deve ir – disse ele. – Certamente eles são livres para expressar essas idéias, mas o Conselho de Segurança não deve ser um instrumento para impor soluções específicas sobre países, inclusive neste caso particular da Síria.
Na sexta-feira, Nabil Elaraby conversou com o chanceler russo, Sergei Lavrov, para discutir a escalada de violência no país e a elaboração de uma nova resolução.
Num momento em que o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, enfrenta os maiores protestos populares em 12 anos de poder e tem planos de retornar ao Kremlin na eleição presidencial de março, a Rússia quer evitar dar sua aprovação a qualquer mudança de regime arquitetada do exterior. O governo russo tem se ocupado em estabelecer “linhas vermelhas” enquanto é pressionado a parar de proteger seu velho aliado sírio, o presidente Assad, e a usar seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para fazer com que a Síria encerre a repressão que já matou milhares de civis.
No final do ano passado, a Rússia e a China vetaram outra proposta de resolução feita no Conselho de Segurança da ONU. Diplomatas ocidentais esperavam que com o apoio da Liga Árabe à nova resolução, os russos mudassem de opinião.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024