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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

Como evitar que seu filho se converta em um agressor ou vítima?

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publicado em 11/06/2024 às 07h00
atualizado em 10/06/2024 às 16h53

        Reza a sabedoria popular que,criar filhos é fácil, difícil é educá-los”. Sabe-se que a tarefa da educação de filhos deve ser responsabilidade de pais e mães, cabendo à escola apenas complementar esta tarefa educativa. Mas, na prática, não é isto que vem acontecendo no país, pois muitas famílias estão delegando essa empreitada para os educadores escolares.

        Os estudiosos sempre afirmam que, amor e limites são pilares indispensáveis para uma boa educação de filhos. E para isto, precisa-se aprender a dizer tantos “nãos” quantos forem necessários. Mas deve-se lembrar que esta negativa para ações e comportamentos dos filhos não deve ser uma coisa mecânica, inflexível e desprovida de análise das referidas solicitações e desejos destes. Ou seja, antes de dizer um “não” ou mesmo um “sim”, deve-se antes avaliar os prós e contras em relação àquela solicitação, pois assim, ao negar tal pedido, deve-se estar apto a justificar essa posição, e desta forma, mais facilmente convencê-los a aceitarem esse ponto de vista.

Mais uma vez uma máxima popular que afirma: “A fórmula para a construção de um homem de bem eu desconheço, mas se queres construir um criminoso digas sim a todas às vontades de uma criança ou adolescente”.

        Tal afirmação significa que, deve-se sempre lembrar que pais e mães são os comandantes desta embarcação chamada família, e portanto, cabe a estes estabelecer o que é reprovável e o que é aceitável, seja em casa e ou fora desta, nas relações sociais, ou seja, esses jovens aprendizes precisam ser guiados por pais que caminhem à frente destes, liderando-os, e não de “amigos” tolerantes e rendidos às suas vontades, como por vezes agem alguns pais.

Isto não significa que os pais não possam ser amigos dos seus filhos e estabelecerem relações de amizade, companheirismo, apoio e tolerância, mas que, acima do papel de amigos deve estar o de pais, dotados de autonomia, responsabilidade e a incumbência de guiarem suas crias, uma vez que, os posicionamentos da família são essenciais para uma boa educação e socialização de crianças e adolescentes, pela transmissão de valores, normas e comportamentos.

Estudos psicológicos atestam que, o comportamento delinquente e violento está pouco ligado a fatores genéticos, e muito ligado ao ambiente social compartilhado, haja vista que, 80% da educação do ser humano é forjada de maneira informal, por imitação do comportamento reinante no meio em que este vive. Assim, o posicionamento da família, seus valores, normas e exemplos são muito importantes na formação destes jovens.

Ao praticar ou tolerar pequenos desvios como: presentear o filho menor de idade com veículos; permitir que este dirija tais veículos sem a devida carteira de habilitação, que consuma bebidas alcoólicas etc., passa-se a mensagem que, descumprir regras e leis é permitido. E assim sendo, é grande a probabilidade que alguns destes desvios de comportamento, com o passar do tempo, se aprimorem no meio social, na forma de outras ilicitudes certamente mais graves.

Uma estratégia importante nessa complexa missão educativa, é a autoeducação e promover diálogos frequentes com estes rebentos. Sem esquecer que o diálogo é uma via de mão dupla, ou seja, deve-se ter a iniciativa de falar o que se pensa, mas também a paciência de ouvir o que os filhos têm a dizer. Pois, com esta atitude tem-se mais chances de melhor conhecer as crias e como estas pensam, uma vez que, aprende-se mais sobre estes, ouvindo-lhes.

Uma família em que há diálogo franco, aberto e respeito mútuo entre os seus membros, é sempre um porto bem mais seguro em relação à educação de filhos. Pais e mães devem estar sempre atentos a possíveis sinais, comuns nos jovens adolescentes, como: nervosismo, falta de apetite, insônia, isolamento, baixo rendimento escolar, irritabilidade, fobia escolar etc. E, caso seja detectado um ou mais destes sintomas, deve-se estimular estes a falarem sobre o possível problema. É importante demonstrar interesse e atenção em ouvi-los, pois assim, pode-se auxiliá-los na adoção de estratégias que possam ajudá-los a administrar as emoções, os medos, os lutos, as possíveis fobias e ou outros sentimentos desagradáveis.

Os jovens adolescentes, impulsionados pela alta carga de hormônios naturais da idade, sempre tentam demonstrar, especialmente para os seus pais e pares, maturidade e autosuficiência emocional, mas comumente carregam infinitas dúvidas e inseguranças, embora se esforçem para não demonstrá-las. Em geral, há a preocupação e o cuidado com as crianças, mas relaxa-se com os cuidados e atenção em relação aos filhos adolescentes. Portanto, deve-se ter em mente que estes continuam imaturos e inseguros. E, embora tais carências sejam um pouco diferentes daquelas apresentadas quando crianças, estas são tão presentes quanto antes. Assim, é indispensável que os pais movidos de uma carga extra de paciência, tolerância e persistência, se esforcem em ouví-los e apoiá-los. Mesmo que a conversa seja monossilábica ou ríspida, haja vista a irritabilidade ou pouca disposição em falar da parte do filho, mesmo assim este simples e curto diálogo é mais importante que a falta dele.

Enfim, a vacina mais eficiente para que os filhos e filhas não se convertam em agressore(a)s ou vítimas, ainda é o “colo” amigo e seguro dos pais, regado a um bom e democrático diálogo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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