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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Quinto constitucional e nepo babies

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publicado em 14/06/2024 às 07h00
atualizado em 13/06/2024 às 14h57

Li no portal UOL que Sasha Meneghel é uma “nepo baby”. Também seriam Yasmin Brunet, Wanessa Camargo, Sandy e Júnior Lima, Maria Maya, Luisa Arraes e outros.

Sacou, não é? Segundo a matéria, o termo deriva das palavras “nepotismo” e “baby”, alguma coisa parecida como “filhos do nepotismo”.

Para a reportagem, essas pessoas, por serem filhos, netos ou afilhados de pessoas famosas, têm conexões poderosas, e por isso, contam com uma “ajudinha” no caminho da fama.

Pensando no poder político, os municípios brasileiros são dominados por esse tipo de gente, nepo babies, famílias inteiras dominando, por gerações, o cenário político das cidades.

O poder que detém é engendrado em uma rede labiríntica de conchavos, conexões, troca-trocas, nepotismo cruzado e variados laços de compensações recíprocas, irradiando-se pela galáxia dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, com o apoio massivo da mídia, quase sempre pertencente a esses mesmos grupos.

Dizem esses herdeiros das benesses que, na base das posições que ocupam, está a meritocracia. Eles vendem essa ideia com dupla intenção: i) legitimar as posições ocupadas; ii) assacar culpas naqueles que, por suposto demérito, estão na base da pirâmide social.

Até entendo que, excepcionalmente, algumas pessoas chegam “lá” por mérito. A esmagadora maioria, por serem nepo babies, começa a corrida com muitos quilômetros na frente dos demais:  boa alimentação, moradia, escola, espaços sociais de convivência, rede de contatos, etc.

A matéria me fez refletir. Como há de se competir assim? Sem igualar as condições iniciais das disputas, é hipocrisia falar em meritocracia como critério de distribuição dos bônus sociais, daí a necessidade das compensações, das quotas, da paridade de armas, etc.

Para falar em paridade, a OAB-PB deu início ao processo de escolha de advogados e de advogadas para compor uma lista sêxtupla de onde sairá um(a) desembargador(a) para o Tribunal de Justiça da Paraíba. Não sei quem são todos os concorrentes, mas uma pergunta me veio à mente: Algum (a) do(as) candidato(as) é nepo baby?

@profchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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