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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

De Bach a Bethânia

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publicado em 16/06/2024 às 08h54

Acertou em cheio a Editora Record, ao lançar “O Indomável, João Carlos Martins – Entre Som e Silêncio”, de autoria de Jamil Chade. O livro vai além do indomável, do singelo, do atualizado maestro.

Além de ser um livro fantástico, com passagens da vida do maestro, as perdas e vitórias, na apresentação da obra, Washington Olivetto diz que João Carlos Martins foi do clássico ao popular, de Bach a Bethânia.

Quando pensei em escrever sobre os 80 anos do maestro brasileiro, ele já está com 83 e segue com a música anos-luz. Quando li o livro, me senti envolvido e tão logo tomado no primeiro parágrafo. Leiam o livro da Jamil Chade.

O som e o silêncio do maestro João Carlos Martins, é tão impressionantemente impetuoso, quanto a performance do maestro austríaco Karajan, que faleceu em 1989, e que mexeu com o mundo, nas diversas aparições, regendo Orquestra Filarmônica de  Berlim, com a mais bela tradução da Nona Sinfonia de  Beethoven. .

João tão perto, lá longe, na imensidão longeva do som, no ápice (ainda existe essa palavra?)  com o amparo de todas as suas mãos e o estímulo das palmas do mundo, ao trazer nova luz à certeza de seus movimentos.

Entre o som, a palavra e silêncio, o necessário nunca deixou de ser a coragem. É coragem mesmo, a palavra que João define, esse gigante maestro, até no momento que separa o som e o silêncio. Tudo é tão perfeito que arrepia.

João Carlos Martins é o sentimento do mundo, do qual Drummond se referia para tornar ainda mais simples e profundo – em João, essa decisão de contar a própria história, após mais de oito décadas de vida.

 Isso mesmo: som, silêncio e coragem. Entre o som e o silêncio, o necessário lembra João Carlos, é a coragem. O cara com 83 anos e a bravura de contar os seus erros, seus defeitos, também os acertos e mostrar que, quando vai se aproximando o apagar da chama, a firmeza é o seu empurrão.

 Não é a coragem que a vida quer da gente, como disse Guimarães Rosa. Não, a coragem de João é mostrar os erros e o que fez para corrigir, ampliar o som  e seguir. Está tudo lá no livro “O Indomável, João Carlos Martins – Entre Som e Silêncio”,

Tudo é muito enternecedor e bonito no livro de Jamil Chade – as fotografias, João menino, João ninguém, João grandão, que lutou pra aperfeiçoar, se refazer, ser mais forte que o som e a palavra.

 O último concerto com as duas mãos foi em 1998 com a Royal Philarmonic, em Londres. O último só com a mão esquerda foi em 2002, em Beijing. Há 26 anos ele não toca com as duas mãos e há 22, só com uma mão.

É incrível esse homem!  Seus passos. Um girassol ereto indicando o sentido do som. Um maestro sisudo nos palcos, como estivesse no cinema ou ainda esperando nascer o som. Nunca deixará de ser verdadeiramente universal como Karajan.

O João Carlos é mais do que o aprendizado, um professor, representante de todos, o maestro todos os sons.

 Kapetadas

1 -Deitar não leva ninguém a lugar algum. E é por isso que deitamos., individualmente, é claro

2 – Sustentabilidade – assunto para banquetes de 400 talheres. Sustento – conversa para garfo e faca.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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