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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Pequena sinopse

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publicado em 18/06/2024 às 07h00
atualizado em 18/06/2024 às 06h30

Não escrever sobre aquilo que se passou pode ser uma afirmação pessoal, uma distinção em relação a outras vezes, uma transformação contínua, sem forma ou sequência lógica. Tenho andando distraído, mas pé no chão.

Viajamos nos livros para nos identificarmos com as personagens. Assim tem sido com as últimas páginas do livro “Esquecidos do Domingo”, de Valérie Perrin, com histórias dentro de outras,  não diferentes das nossas.

A protagonista é Justine, de 22 anos, que vive com os avós e o primo, Jules, desde que os pais de ambos morreram num acidente. Eu não conheci meus avôs.

Os dias de Justine não são parecidos com os meus, sem que nada se altere: ela trabalha nas Hortênsias, um lar de idosos na aldeia onde mora, e adora conversar com os residentes. Entre eles, está Hélène, uma centenária, cujo sonho sempre foi aprender a ler. Esse é o sonho maior e mais bonito que existe, aprender a ler para ensinar seus camaradas.

Justine e Hélène criam uma história de amizade, que não costumamos mais ver nos dias de hoje: uma, alimentando a outra pelas horas que passam a escutar as memórias e sentimentos. Que livro, que aprendizado!

De que forma se entrelaçam as histórias?  Ah, só lendo, sentindo. Como podem as antigas e novas memórias fazer Justine mudar o rumo da sua vida? Tem que ler o livro

O centro da aldeia que me acolhe na luz da manhã onde trabalho, não é mais cenário para nada, quando a aldeia que me era mais familiar. A deslocação entre as personagens e as esquinas, assim o demonstram.

Os personagens nunca são os mesmos, o que muda é a necessidade. É como se a cidade fosse um abrigo a céu aberto e eu fosse Justine. A transferência é que não há literatura.

O romance vai andamento rápido, a caminhada contínua, a amostra em repetição. Nesse sentido “Esquecidos do Domingo”, é uma viagem da protagonista, que acredita existir fora do livro, que nem eu.

Kapetadas

1 – Depois de ler, Ulysses, de James Joyce, tive apenas uma dúvida: como ele arrumou um editor?

2 – Os que erguem altares muitas vezes são os primeiros a levantar a cruz.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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